Instituições estrangeiras aumentaram peso no crédito à habitação
Lisboa, 29 nov (Lusa) -- Os bancos estrangeiros têm sido fundamentais na concessão de crédito à habitação em Portugal, de acordo com o Banco de Portugal (BdP), suavizando assim a travagem feita pelas instituições nacionais.
"Entre finais de 2009 e o terceiro trimestre de 2010, os bancos não domésticos aumentaram a sua quota no mercado de crédito à habitação em Portugal. Para esta situação terão contribuído as maiores dificuldades de financiamento enfrentadas pelos bancos portugueses, assim como a necessidade de desalavancagem dos seus balanços no contexto do processo de ajustamento da economia portuguesa", afirmam Sónia Costa e Luísa Farina, num estudo que integra o Relatório de Estabilidade Financeira do BdP, hoje divulgado.
Segundo as autoras, este aumento aconteceu ao mesmo tempo que houve "uma subida do diferencial entre as taxas de juro dos bancos domésticos e as dos não domésticos".
O estudo mostra ainda que os bancos portugueses estão mais sujeitos ao risco dos devedores do que os estrangeiros a operar em Portugal, o que leva as instituições de origem portuguesa a cobrar taxas de juro mais diferenciadas para clientes com diferentes perfis.
Assim, acrescenta o estudo, a política de crédito destes bancos permitiu "suavizar" o processo de desaceleração do crédito à habitação.
"Os novos empréstimos à habitação concedidos pelo conjunto dos bancos domésticos têm registado nos últimos anos uma tendência de redução (...). Neste contexto, o peso dos novos empréstimos concedidos por bancos não domésticos, que se situava em cerca de 20 por cento em 2009, aumentou significativamente ao longo de 2010, situando-se desde meados desse ano em cerca de 35 por cento, um valor muito superior à quota de mercado destes bancos no total do `stock` de crédito à habitação", diz o estudo.
Já os dados referentes a finais de 2010 e primeiro semestre de 2011 já "apontam para uma interrupção da tendência de aumento do peso dos bancos não domésticos na concessão de crédito à habitação e uma maior proximidade das taxas de juro praticadas, sugerindo alguma reaproximação do comportamento dos bancos domésticos e não domésticos".
No entanto, adiantam as autoras, a análise do que provocou essa alteração só será possível quando existirem mais dados disponíveis.