Inventar em prol do ambiente para ser finalista na Academia Electrão

Boa parte do país está sensibilizada para as boas práticas ambientais - separar e colocar os diversos materiais nos contentores devidos e acreditar que toda esta economia circular funciona em nome de um mundo melhor. Mas há quem queira ir mais longe. O desafio passa pôr a mente a funcionar e criar soluções inovadoras para dar nova vida ao material colocado de lado.

Precisamente a pensar em novos métodos, o Electrão – Entidade gestora de equipamentos elétricos e eletrónicos (EEE) em fim de vida criou e desenvolveu um concurso de nome Academia Electrão.

Lembra-se de quando teve aquela ideia para recuperar aquele velho electrodoméstico ou material e que nunca a conseguiu colocar em prática? Pois bem, a Academia Electrão dá-lhe a oportunidade de recuperar esse sonho e contribuir, através da sua mais-valia, para a solução e recuperação de monos e materiais em fim de vida.

O projecto Academia Electrão pretende contribuir para que o objetivo da economia circular se realize, no âmbito dos vários tipos de resíduos que gerimos: embalagens, equipamentos elétricos e pilhas, através de um concurso em que todos podem participar.

E para entender o que é e como pretende esta Academia dar mais valor aos resíduos através de ideias inovadoras, a RTP esteve à conversa com a responsável de comunicação da Electrão, Ana Matos.

"A Academia Electrão surge aqui a ligar vários dos objectivos ligados à atividade. É um concurso de ideias com um propósito de lançar um desafio nesta área e promoverem inovação".

Este é já o segundo concurso que o Electrão promove e buscando sempre projectos inovadores que possam contribuir para o desenvolvimento da economia de uma forma sustentável.
O Electrão é responsável pela recolha e encaminhamento para tratamento e valorização de mais de 400 mil toneladas de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos e resíduos de pilhas e acumuladores (PA), gerados em Portugal.
Em 2018, tornou-se a única entidade gestora em Portugal que pode oferecer um serviço de gestão de três fluxos de resíduos: equipamentos elétricos, pilhas e embalagens.


Academia Electrão promove segundo concurso
Depois do enorme êxito na primeira iniciativa que decorreu em 2019, com mais de 70 projetos a entrar na Academia, o Electrão volta este ano a promover um novo concurso.

Com os prazos estabelecidos até ao final de maio, este ano e devido à crise pandémica que assola Portugal, a empresa Associação de Gestão de Resíduos decidiu prolongar a data de receção das candidaturas deste concurso que promove ideias inovadoras na área da gestão de equipamentos elétricos, pilhas, acumuladores e embalagens usadas por mais um ano (maio de 2021).

Os projetos que já formalizaram a sua candidatura manter-se-ão válidos para avaliação em 2021, sendo o objetivo possibilitar a participação de todos e procurar mais projetos inovadores na área do ambiente, que contribuam para a economia circular e para a sustentabilidade ambiental.

Os projetos podem candidatar-se a uma das cinco categorias disponíveis, sendo estas: Arte, Contentorização, Digital, Mobilização e Valorização Electrão.

"As candidaturas podem vir de todas as faixas etárias e de todos os segmentos da sociedade", diz Ana Matos.

A responsável de comunicação do Electrão refere que a Academia, nesta segunda edição, já contactou com mais de 1300 alunos do ensino superior devido ao enorme potencial que esta camada jovem representa na sociedade, quer na área científica quer na conceção de produtos inovadores.

Mas não são só estes grupos a participar.
Empresas, IPSS, escolas primárias, grupos individuais, todas as ideias e candidaturas são válidas.

Após avaliação por um júri multidisciplinar, as melhores dentro de cada área, verão os esforços recompensados com a atribuição de um prémio monetário de quatro mil euros por categoria. O valor global de prémios é de 20 mil euros.

As candidaturas estão abertas, através do preenchimento de um formulário online em academiaelectrao.pt.

Reduzir, reutilizar e reciclar, mas também repensar e recusar
Nos dias correntes muito do que nos rodeia é composto por material facilmente descartável. E não é possível ficar indiferente às toneladas de lixo que todos os dias a população nacional produz.

Para que tenha uma ideia, cada português produz em média cerca de 490 quilos de lixo por ano. Ou seja, o equivalente ao peso de dez de Torres Vasco da Gama/ano no total da população nacional.


Sabendo que entre 60 a 80 por cento deste lixo não é biológico, cabendo a cada um saber dar o melhor destino a estes resíduos.

Razão mais que válida para acrescentar aos 3R (Reciclar, Reutilizar e Reduzir) outros dois: Repensar, antes de os utilizar e Recusar, caso exista essa possibilidade.

Todos nós "temos de repensar os nossos hábitos. Repensar como fazemos a utilização dos produtos e se precisamos de tanta coisa à nossa volta", explica Ana Matos à RTP.

Pois esta recusa e o não repensar pode custar-nos não só o presente, mas o nosso futuro mais próximo.

Dar a quem mais precisa
Habituados que estamos a separar no Azul, no Verde e no Amarelo, por vezes não sabemos muito bem onde colocar certo tipo de material, que "acaba por morrer", como lâmpadas, aparelhos elétricos e electrónicos, ou mesmo pneus.

Existem os chamados Pontos Electrão, de cor vermelha, geralmente localizados nas grandes superfícies que estão diariamente a receber os seus artigos para serem devidamente reencaminhados e reciclados.

Material mais delicado que o plástico, papel ou vidro, impossível de ser eliminado pela natureza devido à vasta composição, que só através de métodos industriais se consegue reciclar.

E pensando nos que procuram solução para esses resíduos, a página eletrónica do Electrão fornece o mapa e os locais onde pode gratuitamente entregar esses produtos, mas não só.

A responsável de comunicação Ana Matos explica que para além dos "ecopontos vermelhos" existem locais, indicados no site Electrão, como os Quartéis dos Bombeiros, que recebem este tipo de material, que depois é convertido em ajuda para estas corporações.

Existindo também outras formas de ajuda, através dos escuteiros, com a troca de pilhas velhas por bens alimentares para quem mais precisa, material que deixado ao abandono estará a contaminar o planeta onde vivemos.
Só com ações práticas e criando economia circular é possível contribuir diariamente para a mudança do paradigma na gestão de recursos em Portugal.