Irmã de José Maria Ricciardi suspeita de branqueamento de capitais

por Christopher Marques, RTP
Hugo Correia, Reuters

Filomena Ricciardi foi constituída arguida por suspeitas de branqueamento de capitais, fraude fiscal, burla e abuso de confiança, avança esta terça-feira o jornal i. Um pedido de transferência no valor de 1,275 milhões de euros terá alertado as autoridades.

O Ministério Público já suspeitava que os depósitos em nome de membros da família Espírito Santo estariam a ser colocados em nome de amigos próximos ou até mesmo levantados. O pedido de transferência de fundos feito por Filomena Ricciardi veio consolidar as suspeitas.

Segundo o i, a irmã de José Maria Ricciardi terá solicitado uma transferência no valor de 1,275 milhões de euros para contas tituladas por dois amigos próximos, através de um depósito do banco Barclays. A instituição, no âmbito das medidas de prevenção ao branqueamento de capitais, transmitiu a informação às autoridades, que deram ordem imediata para que a conta fosse congelada.
  Filomena Ricciardi é irmã de José Maria Ricciardi, presidente do BESI. Os dois são primos de Ricardo Salgado e filhos do comandante António Ricciardi, membro mais velho do antigo Conselho Superior do Grupo Espírito Santo.
A investigação que se seguiu aumentou as suspeitas. O dinheiro teria origem numa conta do Banco Espírito Santo, tendo dado entrada no Barclays a 2 de julho. Em agosto, Filomena Ricciardi solicitou a transferência para uma conta titulada por Francisco de Mendonça, depois substituída por uma de Maria Ribeiro Bravo, ambos próximos da família, pedido que alertou as autoridades e levou ao congelamento do depósito.

As averiguações que se seguiram confirmaram que os fundos movimentos por Filomena Ricciardi não eram compatíveis com as suas declarações fiscais, tendo ainda sido ordenadas buscas à sua residência de Cascais, realizadas a 9 de setembro.

Segundo o jornal, depois de a conta ter sido congelada, Filomena Ricciardi ofereceu-se para ser ouvida e terá mesmo tentado que a quantia fosse desbloqueada, pedido que foi indeferido. Até ao momento, Filomena não terá sido ainda ouvida pelas autoridades.

Já na segunda-feira foi notícia que Ricardo Salgado movimentou centenas de milhões de euros do Banco Espírito Santo para contas offshore, antes de abandonar a liderança. Em resposta, o ex-presidente do BES considerou estar a ser vítima de uma tentativa “desleal e inusitada de se fazer um julgamento público e mediático”.
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