Jorge Pinto diz que a greve geral tem razões políticas e que "válidas"

O candidato presidencial Jorge Pinto considerou hoje que a greve geral tem razões políticas, mas "são razões válidas", e acusou o líder do Chega de ser o "idiota útil" que vai viabilizar as alterações à legislação laboral.

Lusa /

"O senhor primeiro-ministro tem razão quando diz que é uma greve com razões políticas, mas são razões válidas", afirmou o candidato apoiado pelo Livre, considerando que "há razões políticas nesta greve, não são é aquelas que o senhor primeiro-ministro diz que são".

Em declarações aos jornalistas à margem do 40.º Congresso dos Verdes Europeus, que decorre em Lisboa, Jorge Pinto acusou o Governo de querer, com as alterações que está a preparar, reduzir "ainda mais" os direitos dos trabalhadores, "num país que já é o segundo com mais trabalhadores precários na Europa".

"É uma razão política porque estes trabalhadores querem poder ter dinheiro para pagar as suas casas. É uma razão política porque os trabalhadores continuam a ser precários durante dois anos, não querem ser precários durante três anos", apontou.

O deputado do Livre defendeu também que "absolutamente nada nestas propostas de alteração combate o fosso salarial entre homens e mulheres", e que "o mais sagrado do direito dos trabalhadores, que é o direito à greve, está também a ser atacado".

"Os trabalhadores têm muita razão em fazer esta greve. Eu estarei ao seu lado na quinta-feira porque nada, absolutamente nada destas mais de 100 propostas de alteração, responde aos problemas e urgências dos portugueses no que diz respeito ao trabalho", criticou.

Jorge Pinto considerou estarem em causa "duas visões de país".

"A do Governo, que quer continuar a competir por baixo, baixos salários, mais facilidade de despedimento, por mais precariedade, e uma segunda visão, que é aquela na qual eu acredito e me revejo, que é competir por cima, de nos distinguirmos, termos uma economia de alto valor acrescentado, altos salários e dar aos trabalhadores e à economia as condições para nos afirmarmos a nível europeu", referiu.

"Não é nada disso que está em cima da mesa e, não estando, é mais do que legítimo que 12 anos depois da última greve geral os trabalhadores portugueses voltem a sair à rua. O que está em causa são mesmo os seus direitos, são os direitos das suas famílias a terem uma vida digna, salários dignos e condições de trabalho dignas", sustentou Jorge Pinto.

O candidato a Presidente da República disse também que no debate televisivo que tem no dia da greve geral (11 de dezembro) contra André Ventura, no âmbito das eleições de 18 de janeiro, quer aproveitar para confrontar o adversário "com as suas incongruências".

"Porque para alguém que diz estar ao lado dos portugueses e estar ao lado dos trabalhadores, ele será mesmo o idiota útil que vai permitir que estas alterações sejam aprovadas na Assembleia da República, já o disse", acusou.

Jorge Pinto referiu não estar surpreendido "que alguém que foi financiado toda a sua vida pelos maiores empresários portugueses, esteja agora ao seu lado contra os trabalhadores portugueses".

"Aquilo que eu vou fazer é expor a sua hipocrisia e passar o dia ao lado dos trabalhadores portugueses, e vou passar a noite no debate, ao lado dos trabalhadores portugueses, mostrando-lhes que há nesta campanha quem esteja realmente ao seu lado, dos seus direitos e dos direitos das suas famílias", referiu.

Na ocasião, Jorge Pinto disse ainda que já recolheu mais assinaturas do que as 7.500 necessárias para pedir a oficialização da sua candidatura junto do Tribunal Constitucional. O candidato indiciou que tem atualmente cerca de nove mil assinaturas.

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