Krugman revolucionou forma de pensar comércio internacional - economistas
Lisboa, 13 Out (Lusa) - O economista Paul Krugman, Nobel da Economia em 2008, revolucionou a forma de pensar o comércio internacional, disseram hoje economistas portugueses à Lusa, com Silva Lopes a destacar a teoria de Krugman de que os mercados nem sempre funcionam.
A Real Academia Sueca das Ciências anunciou hoje a escolha de Paul Krugman para o prémio Nobel da Economia pela elaboração de uma nova teoria que integrou as investigações sobre as trocas comerciais e a geografia económica, dois campos que os académicos da área antes não relacionavam.
"Paul Krugman trouxe uma inovação fundamental para a teoria do comércio internacional, sustentando e provando que há certas situações em que os mercados não funcionam bem", disse à agência Lusa o ex-ministro das Finanças Silva Lopes.
Até à publicação do artigo de Krugman sobre o comércio internacional, na década de 1970, a teoria que vigorava "era baseada na hipótese de que os mercados funcionavam bem" sozinhos e o mérito do novo Nobel da Economia foi, na opinião de Silva Lopes, "ter resistido a esta ideia".
O economista e professor Universitário João César das Neves considerou que a atribuição do Nobel a Krugman distingue "uma ideia muito simples, mas que revolucionou a teoria do comércio internacional".
"Paul Krugman demonstrou que pode haver comércio internacional se houver vantagens de escala e esta ideia genial mudou a economia do comércio mundial", afirmou João César das Neves, salientando que estes estudos originaram uma teoria geográfica da economia.
O economista Francisco Torres considerou, por seu turno, que a análise de Krugman, que demonstrou que "as empresas podem explorar a procura de bens diferenciados pelos consumidores explorando, ao mesmo tempo, as economias de escala de um mercado alargado", foi "fundamental para a compreensão da importância do mercado interno na Europa".
Por outro lado, acrescentou o professor da Universidade Católica,"com a integração da geografia e comércio internacional, Krugman vem chamar a atenção para os problemas da aglomeração e especialização e, portanto, para a sustentabilidade de zonas monetárias como os Estados Unidos ou a Zona Euro, bem como para alguns dos problemas da globalização".