Mais otimista do que em outubro. FMI exclui recessão global em 2023

por RTP
O FMI revê revisto em ligeira alta o crescimento do PIB mundial para este ano Johannes P. Christo - Reuters

O FMI descarta uma recessão global para este ano, tendo revisto em ligeira alta o crescimento do PIB mundial para 2,9 por cento, refletindo a resistência acima do esperado em várias economias, mas abaixo dos 3,4 por cento estimados para 2022. Uma previsão mais otimista do que as projeções de outubro.

Nas Previsões Económicas Globais (WEO, na sigla em inglês), divulgadas esta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra-se ligeiramente mais otimista para este ano, projetando um crescimento de 0,2 pontos percentuais acima do que esperava em outubro, refletindo "surpresas positivas e a resiliência acima do esperado em várias economias".

A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, estimado em 3,4 por cento em 2022, caia para 2,9 este ano, antes de subir para 3,1 em 2024.

"Não é esperado um crescimento negativo no PIB global ou no PIB global per capita, o que geralmente acontece quando há uma recessão", assinala.

No entanto, nota de que o crescimento global projetado para 2023 e 2024 se fixa abaixo da média anual de 3,8 por cento no período 2000-19.

A pesar sobre a atividade económica no ano passado estiveram, aponta, a inflação, a guerra na Ucrânia e o ressurgimento da covid-19 na China, alertando que os dois primeiros fatores irão continuar em 2023.

"A previsão de baixo crescimento em 2023 reflete o aumento das taxas dos bancos centrais para combater a inflação - especialmente nas economias avançadas - bem como a guerra na Ucrânia", explica.

Já o declínio no crescimento em 2023 face a 2022 é influenciado pelas economias avançadas, já que nas emergentes e em desenvolvimento, estima-se que o crescimento tenha atingido o ponto mais baixo em 2022. Economia da Zona Euro cresce 0,7% este ano

Em relação ao crescimento económico na Zona Euro em 2023, o FMI está ligeiramente mais otimista, prevendo agora uma expansão do PIB de 0,7 por cento e descartando que a Alemanha e Itália entrem em recessão.

A justificar a revisão em alta estão os efeitos da rápida subidas das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e a erosão dos rendimentos reais, compensado pelo efeito de arrastamento dos resultados de 2022, preços de energia mais baixos e anúncios adicionais de apoios na forma de controlo de preços de energia e transferências de dinheiro.

Entre as principais economias da Zona Euro, a possibilidade de a Alemanha entrar em recessão é descartada, com o FMI a rever em alta de 0,4 pp. a previsão face a outubro, para um crescimento de 0,1 por cento. Resultado semelhante para a economia italiana, cuja perspetiva foi revista em alta de 0,8 pp., para 0,6 por cento.

Segundo o documento, para 2024 espera-se crescimento da Alemanha de 1,4 por cento (-0,2 pp. face a outubro) e de Itália de 0,9 por cento (-0,4 pp. face a outubro).

O relatório salienta ainda que o crescimento económico europeu em 2022 foi mais robusto do que o esperado perante o grande choque negativo nos termos de troca da guerra na Ucrânia. Reino Unido é o único país do G7 próximo da recessão
A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê que a economia do Reino Unido tenha um desempenho pior que as restantes, incluindo a Rússia, devido aos elevados preços da energia e a elevada inflação.

Segundo o FMI, a economia britânica vai contrair-se em 0,6 por cento em 2023, ao contrário das previsões de outubro que apontavam para um crescimento ligeiro.


Para 2024, o Fundo Monetário Internacional reviu o crescimento da economia do Reino Unido de 0,6 para 0,9 por cento.
Inflação

O FMI prevê ainda que em 84 por cento dos países a taxa de inflação este ano sejá menor do que em 2022, prevendo que a média anual da inflação global caia de 8,8 no ano passado para 6,6 por cento em 2023.

O Fundo considera que existem sinais de que o aperto da política monetária está a começar a ter impacto na procura e na inflação, mas acredita ser "improvável" que o verdadeiro impacto seja sentido antes de 2024.

"A inflação global parece ter atingido o pico no terceiro trimestre de 2022", lê-se no relatório, que acrescenta que os preços dos combustíveis e das commodities de não combustíveis caíram, reduzindo o Índice de Preços no Consumidor, principalmente nos Estados Unidos, na Zona Euro e na América Latina.

No entanto, dá nota de que a inflação core ainda não deverá ter atingido o pico na maioria das economias e continua bem acima dos níveis pré-pandémicos.

"Espera-se que cerca de 84 por cento dos países tenham inflação global (Índice de Preços ao Consumidor) mais baixa em 2023 do que em 2022", antecipa.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que a taxa de inflação global caia de 8,8 por cento em 2022 (média anual) para 6,6 em 2023 e 4,3 em 2024, acima dos níveis pré-pandémicos (2017-19) de cerca de 3,5 por cento.

Segundo o relatório, a justificar a queda da taxa de inflação projetada está, em parte, a queda nos preços internacionais dos combustíveis e das commodities não combustíveis devido à procura global mais fraca.Revisão em alta do crescimento da África subsaariana


O FMI reviu em ligeira alta a perspetiva de crescimento para a África subsaariana, antecipando agora uma expansão de 3,8 por cento este ano e de 4,1 por cento para o próximo ano.

"Na África subsaariana, o crescimento deverá permanecer moderado, de 3,8 por cento em 2023 num contexto de impacto prolongado da pandemia de covid-19, apesar de ter havido uma modesta revisão em alta desde outubro, para depois o crescimento acelerar para 4,1 por cento em 2024", lê-se na atualização das Perspetivas Económicas Globais, hoje divulgadas em Singapura.

"A pequena revisão em alta para 2023, de 0,1 pontos percentuais, reflete o crescimento da Nigéria em 2023 devido a medidas para lidar com as questões de insegurança no setor petrolífero" da maior economia da África subsaariana, que é também o mais populoso e o maior produtor de petróleo da região.

Pelo contrário, conclui o FMI na parte respeitante à África subsaariana, "a África do Sul, depois uma recuperação motivada pela reabertura pós-covid-19, deverá ver o crescimento reduzir-se substancialmente, para 1,22 por cento este ano, refletindo uma procura externa mais fraca, cortes de energia e constrangimento estruturais".

c/ agências

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