O ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, inicia esta segunda-feira funções como governador do Banco de Portugal (BdP), depois de ter sido aprovada a sua nomeação para o cargo na quinta-feira.
A cerimónia de apresentação pública do novo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, decorrerá pelas 11h30, no Ministério das Finanças, em Lisboa.
Mário Centeno sucede a Carlos Costa, cujo segundo mandato terminou em 8 de julho, depois de 10 anos à frente daquela instituição.
A escolha de Centeno para o cargo foi polémica, pelo facto de este responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde foi ministro até junho) para o BdP, quando em 9 de junho foi aprovado no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que estabelecia um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador.
Contudo, em 17 de junho a esquerda parlamentar (PCP e BE, sendo já sabido que PS era contra) demarcou-se da intenção do PAN de estabelecer esse período de nojo e, em 25 de junho, o parlamento suspendeu por quatro semanas a apreciação na especialidade do projeto do PAN até chegar o parecer pedido ao Banco Central Europeu (BCE).
No mesmo dia, o primeiro-ministro, António Costa, escreveu ao presidente da Assembleia da República a comunicar a proposta do Governo para nomear Mário Centeno para o cargo de governador do BdP.
Carlos Costa terminou em 8 de julho formalmente o segundo mandato como governador, mas manteve-se em funções.Quem é o novo governador do BdP
Mário Centeno nasceu no Algarve em 1966 e licenciou-se em economia no ISEG, em Lisboa (onde chegou a professor catedrático). Depois de regressar de Harvard com um doutoramento, em 2000, ingressou no BdP, instituição na qual foi economista, diretor-adjunto do Departamento de Estudos Económicos e consultor da administração.
Entre novembro de 2015 e junho de 2020 foi ministro das Finanças dos dois governos PS liderados por António Costa.
Foi eleito presidente do Eurogrupo, o grupo de ministros das Finanças da zona euro, e levou as contas públicas portuguesas ao primeiro saldo positivo em democracia, mais concretamente desde o ano de 1973.
Contudo, o seu percurso também foi feito de polémicas (em 2017, o caso das trocas de SMS com o gestor António Domingues, da Caixa Geral de Depósitos, o que originou uma comissão parlamentar de inquérito, e mais recentemente com o primeiro-ministro sobre a injeção de capital no Novo Banco) e a sua saída foi criticada por quadrantes políticos que o acusaram de abandonar o barco no meio da tempestade provocada pela covid-19.