Milhares marcharam pela mudança na City londrina

Em véspera de mais uma Cimeira do G20, ensombrada pela "prior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial", foram milhares, aqueles que na capital inglesa, saíram às ruas clamando por uma mudança na política económica e financeira internacional, contra a guerra e em defesa do clima. Ficaram longe, no entanto, do milhão de ingleses que protestaram nas ruas contra a guerra no Iraque.

Eduardo Caetano, RTP /
Polícia inglesa montou uma importante operação para garantir a segurança e paz durante a realização da Cimeira do G20 em Londres a partir da próxima quinta-feira Daniel Deme, EPA

Numa Europa que começa a ser seriamente devastada pelo aumento exponencial do desemprego, encerramento e falências de empresas, recuo do consumo entre escândalos financeiros, muitos europeus querem uma mudança significativa do rumo que os países seguem. 

Responsabilizam os vários poderes políticos e económicos instalados e em vésperas da Cimeira do G20 - grupo criado em 1999, o G20 integra os sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha), as economias emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia) e a União Europeia - decidiram vir para a rua protestar e exigir ruidosamente mudanças.

O G20 representa 85 por cento da economia mundial e cerca de dois terços da população o que leva a que essa mesma população saiba que toda e qualquer mudança ou decisão importante a tomar depende deste grupo que a partir de amanhã se reúne na capital britânica.

Os quatro cavaleiros do Apocalipse

Esta quarta-feira reralizou-se uma concentração frente ao Banco de Inglaterra, o banco central e regulador da Grã-Bretanha. 

Foram quatro os cortejos que partindo de outras tantas estações de transporte protestam contra a guerra, contra as alterações climáticas, contra os crimes financeiros, e contra a privatização das terras, os quatro temas que são considerados os responsáveis pela degradação da vida da população mundial.

Para evitar confrontos, os funcionários dos bancos que têm sede na área foram aconselhados a permanecer nas instalações evitando confrontos ou mesmo, a não irem trabalhar esta quarta-feira.

Muitas lojas na City - centro financeiro de Londres - tomaram as suas precauções e colocaram tapumes nas janelas e nas montras.

Precavidos não evitaram no entanto, que grupos de manifestantes enfurecidos tivessem provocado a quebra de vidros, conseguindo mesmo alguns manifestantes penetrar nas instalações de algumas instituições bancárias antes de serem expulsos pelas forças policiais.

Na fachada do Royal Bank of Scotland, os manifestantes deixaram escrito com tinta a frase, "Contra a inflação: comam os ricos".Confrontos com os cerca de 10 mil agentes de polícia destacados para a segurança de Londres durante a Cimeira levaram a pequenas escaramuças, mas até ao momento não provocaram nenhum ferido.

Os organizadores dos protestos incluem 150 organizações desde sindicatos, passando por organizações religiosas, grupos de estudantes e militantes pacifistas. Procuravam bater o record de manifestantes aquando dos protestos contra a guerra do Iraque.

O propósito foi no entanto, falhado já que a polícia estima em cerca de 35 mil os manifestantes que hoje percorreram o centro financeiro de Londres unindo-se contra a globalização, pelo emprego e clima.

Para os próximos dias, outras manifestações estão previstas, frente aos hóteis e ao centro de congressos onde se realiza a Cimeira dos G20.

Cimeira alternativa

Foi organizada uma cimeira alternativa à do G20. Estava aprazada para as instalações da Universidade de East London, situada a uns parcos 4 quilómetros do Excel Center, onde os líderes do G20 se vão reunir.

À última hora, os responsáveis pela Universidade londrina decidiram manter as portas fechadas inviabilizando assim a realização da Cimeira alternativa que teria oradores de renome entre os quais se contariam o ex-deputado trabalhista Tony Benn, o comediante Mark Thomas ou o ex-Mayor de Londres, Ken Livingstone.

Os receios de distúrbios provocados pelos manifestantes anti-globalização levaram à decisão de encerramento da Universidade.

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