Mineradora investe 293 ME para mudar operação mineira para nova jazida em Moçambique
A australiana Kenmare está a investir 293 milhões de euros para mudar as operações mineiras no norte de Moçambique, que possui das maiores reservas globais de titânio e zircão, para a jazida de Nataka, garantindo a operação "por décadas".
"Como a maior zona de minério no portfólio de Moma, Nataka contém aproximadamente 70% dos nove mil milhões de toneladas de recursos minerais de Moma [mina atual], e a mineração nesta área garantirá a produção de Moma nas próximas décadas", lê-se numa informação enviada aos mercados pela Kenmare, consultada pela Lusa, sobre as mudanças na operação da mineradora na província de Nampula.
Após a conclusão do projeto, 341 milhões de dólares (293 milhões de euros) e que inclui um cronograma faseado de dois a três anos, a Kenmare espera um aumento de 20% na capacidade de produção de titânio e zircão.
A Kenmare prevê que as operações de mineração arranquem no depósito de Nataka ainda este ano, com o processo a desenvolver-se numa altura em que negoceia com o Governo moçambicano a continuidade da concessão.
O Presidente moçambicano afirmou em março deste ano que vai renegociar os contratos dos megaprojetos que exploram os recursos do país, alegando que Moçambique já não é o mesmo ou pensa da mesma forma.
"Moçambique já não é o mesmo de há 20 anos. Nem somos a mesma quantidade de pessoas, nem pensamos da mesma forma, nem temos os mesmos objetivos, nem temos os mesmos interesses. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e mudam-se também os desafios", disse Daniel Chapo, em declarações aos jornalistas, apontando, a título de exemplo, a exploração da própria Kenmare.
A concessão da mina de Moma terminou em 21 de dezembro último, mantendo-se a mineradora australiana a operar enquanto decorrem negociações para a renovação do contrato com o Governo, ao fim de vários meses, ainda sem desfecho.
A empresa é uma das maiores produtoras mundiais de areias minerais, cotada nas bolsas de Londres e Dublin, sendo que a produção em Moçambique representa aproximadamente 7% das matérias-primas globais de titânio, com clientes em mais de 15 países, que usam os seus minerais pesados em tintas, plásticos e cerâmica.
O Presidente moçambicano reuniu-se em 13 de junho, em Maputo, com o diretor-executivo da Kenmare, para discutir o futuro dos investimentos daquela empresa.
"Tivemos a oportunidade de reunir com o Presidente hoje para discutir a história do investimento da Kenmare em Moçambique e o nosso futuro plano de investimento, bem como as nossas estratégias para continuar a investir no país nas próximas décadas", disse o diretor-executivo da Kenmare, Tom Hickey, após a reunião com Daniel Chapo.
A australiana Kenmare, que está em Moçambique há mais de 30 anos, explora a mina de Moma, uma das maiores produtoras mundiais de titânio e zircão, localizada na província de Nampula, norte do país.
"Acreditamos que a parceria entre a Kenmare e Moçambique tem sido boa e vamos procurar renová-la nos anos que se aproximam (...) o Presidente foi muito aberto (...) e ele percebe o nosso negócio. Já trabalhou em Nampula e conhece a nossa mina e já a visitou. Então tem boa perceção sobre a importância do que nós fazemos e a natureza do nosso investimento", acrescentou Tom Hickey.
Em 2024, os lucros da Kenmare recuaram 50%, para 64,9 milhões de dólares (60,2 milhões de euros), anunciou anteriormente a mineradora australiana.
A informação da mineradora acrescenta que a receita com os produtos minerais, extraídos da mina de Moma, caiu 10% em 2024, para 392,1 milhões de dólares (363,2 milhões de euros), "devido a uma redução de 14% no preço médio recebido pelos produtos da Kenmare, parcialmente compensado por um aumento de 4% nas remessas".