Ministro da Economia diz que Portugal está a fazer tudo ao seu alcance mas memorando original com `troika` não ajuda

Bruxelas, 28 nov (Lusa) -- O ministro da Economia defendeu hoje, que Portugal está a "fazer tudo o que está ao seu alcance" para ultrapassar a crise, mas tem dificuldades em atrair investimento, por isso ter sido ignorado no memorando original com a `troika`.

Lusa /

"É importante reiterar o facto de que Portugal está, no âmbito do seu programa de ajustamento, a fazer tudo o que está ao seu alcance para ultrapassar a situação atual (...) No entanto, é mais que evidente que o memorando de entendimento como originalmente foi concebido não tem uma componente que é essencial para nos voltarmos a crescer, e essa componente é estímulos ao investimento, os apoios ao investimento", afirmou Álvaro Santos Pereira.

Álvaro Santos Pereira, que falava à margem de uma conferência sobre a rede transeuropeia de transportes organizada pela Comissão Europeia, sustentou que Portugal está não só a "implementar uma estratégia de consolidação orçamental e de diminuição da trajetória da dívida que, obviamente, exige bastantes sacrifícios aos portugueses", como também a "implementar toda uma série de reformas estruturais que são essenciais" para o país regressar ao crescimento, mas faltam apoios ao investimento.

"Nós precisamos de ter investimentos em Portugal para voltar a crescer e para criarmos emprego e riqueza. Isso é necessário, é essencial, e por isso mesmo estamos a trabalhar com a Comissão, para vermos se conseguimos avançar com esse tipo de apoios, respeitando as regras comunitárias", disse, lamentando que o memorando de entendimento original, negociado com a `troika` pelo anterior governo socialista de José Sócrates, não contemple tais estímulos.

Questionado sobre recentes declarações suas a lamentar as "regras fundamentalistas" de Bruxelas que constituem um obstáculo à atração de investimento, o responsável governamental reiterou a ideia, que disse ser partilhada inclusivamente em Bruxelas.

"Essa é uma posição que não é só minha, é uma posição também de parte da Comissão. Portugal e a Europa precisam de ter uma política industrial mais musculada, mais forte", disse.

"Não é aceitável, de maneira nenhuma, que a Europa e Portugal continuem impávidos e serenos a deixar que as suas indústrias se deslocalizem para outras partes do mundo, enquanto nós perdemos emprego e riqueza, e pensar que é à base somente de serviços ou de importação de bens mais baratos que vamos conseguir ter uma Europa mais próspera. Não vamos. Para termos uma Europa mais próspera e mais forte, precisamos de ter uma Europa industrial, precisamos de ter mais músculo competitivo, e é isso que estamos a trabalhar aqui também", concluiu.

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