Moçambique com recessão económica de 1,89% até setembro

A economia moçambicana acumula uma recessão de 1,89% nos primeiros nove meses do ano, com quatro trimestres consecutivos de quedas, segundo dado divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que aponta, ainda assim, melhorias.

Lusa /

No mais recente relatório das Contas Nacionais, do terceiro trimestre de 2025, o INE refere que o Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) apresentou uma variação negativa de 0,85%, quando comparado ao mesmo período do ano 2024.

"Ao longo do ano regista-se melhoria económica, perfazendo um acumulado de -1,89%", acrescenta, referindo-se ainda às quedas de 5,68% do PIBm no quarto trimestre de 2024, e de 3,92% e 0,94% no primeiro e segundo trimestres de 2025.

O último período de crescimento económico registou-se antes das eleições gerais de outubro de 2024, marcadas pela forte contestação social que se seguiu, no terceiro trimestre do ano passado, de 5,58%.

O INE acrescenta que o desempenho da atividade económica no terceiro trimestre "é atribuído, em primeiro lugar, ao setor secundário com uma variação negativa de 10,63%", e neste "com maior destaque para o ramo de eletricidade, gás e distribuição de água, com variação de menos 31,39%", seguindo-se o ramo da indústria manufatureira, com -4,08%, e a construção, com -3,09%, igualmente em termos homólogos.

Já o setor terciário recuou, face ao mesmo período do ano passado, 1,51%, "induzido" pelo ramo de hotéis e restaurantes (-6,12%), seguido do ramo do comércio e serviços de reparação (-5,20%), e pelo ramo de transportes, armazenagem e atividades auxiliares dos transportes, informação e comunicações (-3,30%), enquanto o ramo dos serviços financeiros cresceu 1,47%.

O Governo moçambicano admite um cenário financeiro "substancialmente mais adverso" face ao previsto na proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2026, em análise no parlamento, cortando as previsões de crescimento para 1,6% este ano, assim como as receitas esperadas em 2026.

"No contexto de reforço da transparência orçamental e sustentabilidade das finanças públicas, mostrou-se necessária a adequação das estimativas macrofiscais a um contexto económico e financeiro substancialmente mais adverso do que aquele que sustentou a formulação inicial do PESOE 2026 já submetido", refere-se na proposta orçamental.

No documento, que revê a proposta entregue inicialmente, em outubro ao parlamento, o Governo refere que, "do trabalho realizado, constatou-se a necessidade de proceder a um ajuste em baixa da receita do Estado" de 14,9 mil milhões de meticais (200,6 milhões de euros), obrigando ao "correspondente alinhamento a nível da despesa pública".

"A revisão da proposta do PESOE 2026, fundamenta-se na necessidade de incorporar os mais recentes desenvolvimentos do contexto macroeconómico nacional, particularmente no que respeita à revisão das projeções de crescimento económico, a dinâmica da arrecadação de receitas fiscais e ao ajustamento das principais variáveis orçamentais", lê-se.

A projeção da receita do Estado passa a ser 406.969,4 milhões de meticais (5.481 milhões de euros) em 2026, equivalente a 24,9% do PIB, a despesa do Estado passa a 520.634,2 milhões de meticais (7.012 milhões de euros), 31,8% do PIB, enquanto o défice orçamental se mantém em 113.664,9 milhões de meticais (1.530 milhões de euros), equivalente a 7% do PIB.

"Projeta-se uma recuperação do crescimento económico para 2,8% em 2026, face à previsão de 1,6% para 2025, sustentado principalmente pela expansão do setor de serviços, crescimento das exportações de Gás Natural Liquefeito (GNL), bem como pelo dinamismo do setor agrário e investimentos significativos do setor de energia", acrescenta o Governo na proposta orçamental.

O Governo anunciou em 25 de novembro, após aprovação desta revisão, que vai cortar gastos em projetos de investimento não prioritários em 2026.

Para 2025, o Governo previa um crescimento económico de 2,9%, após 1,9% em 2024.

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