Moçambique Fashion Week lança fórum para reativar cadeia de valor da moda e do têxtil
O Moçambique Fashion Week (MFW), que arranca hoje, vai lançar um fórum dedicado à recuperação da cadeia de valor da moda e do têxtil, numa altura de fraca produção de algodão no país.
O objetivo, explicou à Lusa o produtor-executivo do MFW, Vasco Rocha, é iniciar "uma primeira conversa" na agricultura, indústria, criatividade e negócios, apontando também a necessidade de geração de emprego no país: "Hoje, praticamente, temos as coisas paradas, mas a terra está cá, as pessoas, os jovens precisam de emprego e penso que é um primeiro ponto, é um primeiro dia, ensaio ou pontapé de saída, de facto, para podermos conjugarmos tudo isso".
O Moçambique Fashion Week decorre de 01 a 06 de dezembro, em Maputo, e marca o regresso da iniciativa, cuja primeira edição foi realizada em 2005, depois de o MFW não ter acontecido em 2024.
A edição deste ano introduz o Moçambique Fashion Forum, dedicado a negócios e cadeias de valor, e os Moçambique Fashion Awards, que vão reconhecer profissionais da moda, fotografia, tecnologia e setores ligados à circularidade.
"Este ano fazemos a 20.ª edição, com algumas variantes em relação aos anos anteriores, derivado da própria evolução do mercado, derivado também da preocupação, quer do país, quer do Governo (...), fazer despontar Moçambique para outras áreas em que, antigamente, éramos líderes mundiais, nomeadamente na produção de algodão", disse Vasco Rocha, acrescentando: "As pessoas têm que ser identificadas, têm que ser motivadas, também têm que ser premiadas".
A aposta no algodão orientou parte do programa. Em parceria com o Instituto do Algodão e Oleaginosas de Moçambique, foi criado um espaço de debate sobre produção, industrialização e mercado, que se realiza hoje.
"Não se trata apenas do tecido final, mas de toda a cadeia, desde a terra até à peça de roupa que usamos", apontou.
Rocha defende que o setor deve ser encarado como indústria: "Não falamos só de modelos. Falamos de têxtil, agricultura e criatividade. É uma indústria com capacidade de gerar milhares de postos de trabalho", afirmou, lembrando que o país já foi referência mundial na produção de algodão.
O fórum é gratuito e está aberto a estudantes, estilistas, modelos, artesãos e público em geral, sendo que o objetivo é criar um espaço inclusivo.
O encontro contará com nove temas e oradores nacionais e estrangeiros, incluindo especialistas do Zimbabué e da França. Entre os destaques está a apresentação da Best Quality Initiative, voltada para a melhoria da produção de algodão orgânico no país.
"Esta é a primeira conversa. Acredito que no próximo marco já haja mais informação e casos de estudo feitos em Moçambique", afirmou, sem avançar números sobre produtores ou criadores envolvidos.
O responsável diz, contudo, que o fórum não resolve, sozinho, os desafios do setor, mas cria bases para um plano a ser desenvolvido entre Estado, produtores, empresas e associações.
"É um trabalho que está a começar e vai levar o seu tempo. Mas esta conversa inicial já abre caminho", disse.
Rocha aponta "pelo menos cinco desafios" que afetam a indústria, relacionados com produção, mercado, formação técnica e financiamento.
"As discussões e ideias que surgirem vão orientar um caminho para alcançarmos resultados operacionais importantes para o país", referiu.
O Moçambique Fashion Forum é apresentado como plataforma dedicada à discussão e promoção do futuro da moda nacional, organizada pelo Instituto do Algodão e Oleaginosas de Moçambique, em parceria com o MFW, visando inovação, sustentabilidade e uma cadeia de valor competitiva.
A organização desta primeira edição envolve a Imagem DDB e o Instituto do Algodão, com expectativa de inclusão de mais parceiros nos próximos anos.
"É a primeira edição da conversa (...). A ideia é que cada ano enriqueça ainda mais o processo e permita chegar a modelos adaptados ao mercado moçambicano", concluiu.