Moçambique fechou donativos de 435 ME em nove meses
Moçambique garantiu donativos externos de 499,64 milhões de dólares (435 milhões de euros) nos primeiros nove meses do ano, segundo dados de um relatório de execução do Governo.
De acordo com os dados, do Ministério das Finanças, estes donativos resultaram de seis acordos com o Banco Mundial, totalizando 438,2 milhões de dólares (381,6 milhões de euros), e dois com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no valor de 61,44 milhões de dólares (53,5 milhões de euros).
Este volume compara com os acordos para donativos fechados até final de junho, que ascendiam então a 110,8 milhões de dólares (96,5 milhões de euros), segundo a execução orçamental anterior.
Os mais recentes acordos de donativos, segundo o Governo moçambicano, foram assinados em agosto, com o Banco Mundial para o projeto Corredores de Transporte para a Resiliência Económica, no valor de 129 milhões de dólares (112,3 milhões de euros), e com o BAD, para a Linha de Transmissão Boane -- Namaacha, de 43,3 milhões de dólares (37,7 milhões de euros), e para o Projeto de Investimento Resiliente para o Empoderamento Socioeconómico (RISE), de 18,14 milhões de milhões de dólares (15,8 milhões de euros).
O Banco Mundial vai avançar com uma parceria com Moçambique a cinco anos, apostando no turismo, energia e qualificação dos jovens, anunciou em 20 de julho, em Maputo, o presidente da instituição, defendendo a urgência de o país estabilizar as contas.
"A primeira coisa que Moçambique deve fazer é um esforço para estabilizar a sua situação macro fiscal. Porque se não se fizer isso, é muito difícil dar estabilidade a uma população e atrair o setor privado", disse o presidente do grupo Banco Mundial, Ajay Banga, questionado pela Lusa no final de dois dias de visita ao país africano.
"Têm uma nação jovem e em crescimento. E esse é o vosso dividendo", sublinhou, apontando a prioridade da "dignidade" de um emprego da população e de qualificar os jovens: "Não temos 30 anos para fazer isto corretamente. Porque se os jovens não tiverem esperança, farão coisas que não queremos, incluindo a migração para outros locais e a instabilidade".
Banga, que esteve reunido no dia anterior, em Maputo, com o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, defendeu que é necessário "dar uma oportunidade" aos jovens e ao setor privado que cria os empregos.
"Penso que há quatro ou cinco coisas que nós, enquanto instituição, podemos fazer com Moçambique. Criar um novo quadro de parceria nacional, uma visão a cinco anos, ajudar com energia, com os corredores [três, que ligam os portos ao interior e aos países vizinhos], com a agricultura e as pequenas empresas, com a qualificação e com o turismo", enumerou, reforçando o apelo para a organização da situação macrofiscal do país.
"Têm sol, gás, há a energia hidroelétrica. Têm a capacidade de criar eletricidade (...), é um dos maiores fornecedores da rede energética da África austral, há uma enorme procura de eletricidade nos outros países, na maior parte dos casos, existe uma carência. Por isso, a possibilidade de ganhar divisas e, ao mesmo tempo, tornar-se um integrador regional de eletricidade, é enorme", enfatizou o presidente do Banco Mundial.
Ajay Banga destacou a aposta de Moçambique no turismo e o contributo que o Banco Mundial pode dar nesta nova parceria, assumindo que é "um país abençoado" com praias e "boas pessoas".