Moçambique só pagou 260 dos 1.322 pedidos de reembolso do IVA em nove meses

As Finanças moçambicanas receberem este ano 1.322 pedidos de reembolso de IVA, totalizando mais de 41.887 milhões de meticais (563,4 milhões de euros), mas apenas 260 foram pagos até final de setembro, segundo dados oficiais.

Lusa /

De acordo com dados do Ministério das Finanças sobre a execução orçamental, do total dos pedidos que deram entrada neste período, "os reembolsos efetuados apenas atingiram o montante de 4.695,7 milhões de meticais [63,2 milhões de euros]".

"Tendo sido pagos 260 pedidos, representando um decrescimento de (35.2%) relativamente ao período homólogo de 2024", refere-se no documento, que também acrescenta que 105 desses pedidos reembolsados, no valor de 173,6 milhões de meticais (2,3 milhões de euros), foram apresentados por diplomatas.

O reembolso do IVA refere-se à devolução pelo Estado do crédito tributário de um sujeito passivo quando, num determinado período, o montante do imposto suportado e dedutível ultrapassa o imposto efetivamente liquidado pelo mesmo.

O presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, Álvaro Massingue, afirmou em 12 de novembro que uma reforma fiscal é prioritária, face ao cenário de impostos que provocam o "estrangulamento" da economia moçambicana e das empresas, dando como exemplo os atrasos na devolução do IVA.

"O nosso sistema tributário é pesado, complexo e desajustado à realidade de uma economia que quer competir. Precisamos de uma reforma fiscal inteligente, previsível e justa, que amplie a base tributária e estimule o investimento produtivo", disse Massingue, na cerimónia de abertura da XX Conferência Anual do Setor Privado (CASP).

"Reformar o sistema fiscal não é apenas baixar taxas. É criar um modelo que permita o mérito, estimule a produção e recompense quem investe e quem emprega. Uma economia sufocada por impostos e burocracia não cresce. Uma economia que liberta o investimento multiplica empregos, rendimentos e receitas", apontou, na mesma intervenção, na presença do Presidente da República, Daniel Chapo.

O líder dos empresários moçambicanos disse que o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) "é hoje um dos estrangulamentos" da economia e das empresas: "Muitos pagam sem direito a reembolso. Outros, mesmo com direito a reembolso, esperam meses ou anos para recebê-lo. O IRPC [sobre os lucros das empresas], fixado em 32%, ignora as diferenças entre pequenas, médias e grandes empresas. É urgente introduzir níveis diferenciadores ajustados ao tamanho e ao desempenho setorial".

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