Monteiro de Barros diz que refinaria falhou por incapacidade do Governo
O empresário Patrick Monteiro de Barros considera que os ministérios do Ambiente e da Economia não tiveram capacidade para gerir o processo da refinaria proposta para Sines.
Monteiro de Barros, que falava num encontro com jornalistas, disse que cancelou o projecto por incapacidade do Governo de garantir o cumprimento das datas estabelecidas.
"Houve da parte do Ambiente e da Economia falta de capacidade para gerir este dossier", afirmou.
A construção da refinaria Vasco da Gama tinha por base o aproveitamento de "janelas de oportunidade no mercado norte-americano" e também que dependia de acordos de opção para a vertente técnica, pelo que a data era fundamental.
Por isso, "no memorando de entendimento está escrito preto no branco que a data central é 30 de Maio", sustentou.
O protocolo de entendimento estabelecido entre o empresário e o Governo fixava o dia 30 de Maio para a emissão de todas as licenças administrativas.
Monteiro de Barros garantiu ainda que a única alteração que houve no projecto "foi para melhor", adiantou, referindo que dizia respeito à redução dos níveis de emissão de CO2 da refinaria.
O projecto da refinaria Vasco da Gama foi apresentado publicamente em Dezembro pelo ministro da Economia, pelo empresário Patrick Monteiro de Barros e pelo presidente da Agência Portuguesa para o Investimento (API).
O projecto inicial apontava para um investimento de 4.000 milhões de euros e emissões de dióxido de carbono (CO2) na ordem das 2,5 milhões toneladas por ano.
Teria uma capacidade de produção de cerca de 250 mil barris por dia, essencialmente destinados à exportação, e vendas anuais estimadas em cerca de 5.000 milhões de euros, o que se traduziria num aumento das exportações portuguesas em 1,5 mil milhões euros.
O investimento previa a criação de 800 postos de trabalho directos e cerca de 1.600 indirectos.
Face a alterações ao projecto, o ministro da Economia afirmou ter desafiado no início de Maio o empresário a reformular o projecto da nova refinaria de Sines, para que pudesse ser apoiado pelo Governo.
Uns dias depois, o empresário Patrick Monteiro de Barros anunciou a suspensão das negociações com o Governo, afirmando que o projecto inicial se tornou "inexequível".
Em comunicado, divulgado na altura, o empresário lamentou "profundamente a forma como este processo negocial, a partir de certa altura, passou a ser discutido na praça pública", e acusou o Governo pelo falhanço nas negociações, ao não ter cumprido os prazos limite acordados no protocolo de entendimento preliminar assinado em Dezembro do ano passado.
Acusou ainda o Governo de ter "desrespeitado" o compromisso de confidencialidade, através de declarações feitas pelo secretário de Estado do Ambiente.