Economia
Motoristas de matérias perigosas iniciam negociações com patrões
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas começa esta segunda-feira a negociar salários e condições de trabalho com a ANTRAM. As negociações surgem na sequência da grve que afetou a distribuição de combustíveis há praticamente duas semanas.
Pedro Pardal Henriques, vice-presidente do sindicato, diz esperar que o processo de negociações não seja muito longo e que termine antes do prazo estabelecido, o final do ano.
O SNMMP vai pedir aos patrões salários de 1.200 euros para os profissionais do setor, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma. Estas reivindicações são a base da proposta de Acordo Coletivo para os motoristas de matérias perigosas, que o sindicato vai apresentar à associação empresarial do setor, a ANTRAM.
O SNMMP vai propor a criação de um subsídio de operação de matérias perigosas, no valor de 240 euros, para compensar os trabalhadores pelo contacto constante com matérias químicas nocivas à saúde.
Segundo o presidente do sindicato, a ideia é conseguir que cada quatro anos de trabalho com produtos químicos, seja convertido num ano de abatimento na idade de reforma.
O SNMMP quer um Acordo Coletivo específico para os motoristas que representa porque diz não se rever no acordo que existe e que foi revisto no ano passado.
"No fundo o que nós queremos é um Acordo coletivo que valorize e respeite esta categoria profissional. Não somos melhores nem piores, mas existem diferenças, nomeadamente ao nível das exigências que nos são feitas", disse Francisco São Bento à Lusa na semana passada.
Paralisação não está fora de hipótese
À partida para as negociações, o vice-presidente do sindicato de matérias perigosas deixou um aviso. "A paralisação não está fora de hipótese", garantiu Pedro Pardal Henriques, argumentando que isso pode acontecer se o sindicato chegar à conclusão "que ninguém quer negociar, que andamos aqui a perder tempo".
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem do executivo levou a que os representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18, ficando o início do processo negocial formal agendado para dia 29 e a paralisação foi desconvocada de imediato.
Durante os três dias de paralisação o sindicato conseguiu mais 200 sócios, que são agora mais de 700, num universo de cerca 900.