Economia
Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Porto vai produzir biometano
A Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto vai criar uma unidade para produzir biometano. O administrador executivo da LIPOR diz que o projeto deve estar pronto dentro de três anos e vai criar 50 novos postos de trabalho em Gondomar.
Fernando Leite está em Bruxelas para reuniões com as direções gerais do Ambiente e Economia da Comissão Europeia.
O objetivo é conhecer as oportunidades e os fundos europeus que existem para ajudar a descarbonizar o ambiente e para que Portugal possa cumprir as metas a que está obrigado dentro destas politicas europeias.
Em Bruxelas para desenvolver novos contactos e reunir com as direções gerais do ambiente, energia e economia. O objetivo da Lipor é o de aproveitar todas as oportunidades que as políticas comunitárias oferecem para desenvolver projetos que ajudem Portugal a tingir objetivos e metas a que está obrigado como explica Fernando leite, o administrador executivo da Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto.
“Nós vimos habitualmente a Bruxelas no sentido de contactar as principais direções gerais do ambiente e da economia.
Tentamos, neste caso, aproveitar todas as oportunidades que as políticas comunitárias nos dão para podermos desenvolver projetos e podermos ajudar também Portugal a atingir os seus objetivos e metas que está obrigado pelos tratados”.
E como está Portugal no que se refere a estes objetivos?
“Na questão dos resíduos estamos com uma falha no domínio dos aterros sanitários, ou seja, da colocação de resíduos em aterro.
Foto: AFP
Os resíduos podem produzir energia
De facto, nem todos sabem que os resíduos podem produzir energia como já acontece na área metropolitana do Porto.
“Os resíduos podem produzir eletricidade. Neste ponto temos uma comunidade elétrica no Porto que abastece de eletricidade 28 entidades, entre as quais o Hospital de São João, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, 10 municípios, ou seja, toda a eletricidade que está na via pública e nos edifícios municipais provém de uma das fábricas onde nós valorizamos energeticamente os resíduos”.
"Os resíduos podem produzir eletricidade", relembra o administrador executivo da LIPOR | Foto: Unsplash
E os portugueses tem noção disso?
A Lipor apresenta-se como um exemplo europeu com perspetivas de futuro. O próximo passo será o de aumentar a capacidade de os biorresíduos produzirem biometano. Ou seja, transformar resíduos de origem orgânica e biodegradável, como restos de comida, cascas de fruta e vegetais, borras de café, e resíduos de jardinagem num gás capaz de ajudar na descarbonização.
“Nós estamos neste momento a iniciar a construção de uma nova fábrica num investimento de cerca de 70 milhões de euros e uma unidade de biometização desses resíduos, para produzir biometano, que é um gás próximo do gás natural e que permite ajudar também, neste caso, na descarbonização”.
“Vai produzir 4 milhões e meio de metros cúbicos de metano, que é um gás ecológico. Vai ser localizado em Gondomar, junto às nossas instalações e estará pronto daqui a três anos. Criará 50 postos de trabalho, essencialmente pessoas já com alguma formação, porque estamos a falar de uma unidade que produz gás, portanto, já tem tecnologia”.
Um projeto que estará aberto a outros municípios portugueses.
Na Bélgica a reciclagem é obrigatória para todos os consumidores que podem mesmo ser multados se não a fizerem devidamente.
Consciência cívica
Fernando Leite refere que “o importante, neste caso, é uma fortíssima sensibilização dos cidadãos.
"Os cidadãos, por si, conseguem entender que se
separarem os seus resíduos, eles têm uma outra utilidade. E isso é o que
nós demonstramos nas nossas unidades. É mais importante tentar que eles
percebam que vale a pena separar”.
“O nosso grande objetivo é que os cidadãos consigam compreender a importância do seu ato em casa porque com os resíduos separados tudo é possível. Com os resíduos misturados nós não podemos fazer nada”.
Foto: AFP
E acrescenta que “vale a pena também lutar contra um outro mal que nós temos em Portugal, que é o desperdício alimentar. Nós desperdiçamos por ano 180 quilos de resíduo alimentar por pessoa. O custo dessa realidade é muito elevado para um país como o nosso”.
O adminsitrador executivo da LIPOR quer que os cidadãos possam perceber que separar os resíduos é mais importante do que possam pensar, no imediato. Há fundos europeus estão disponíveis para apoiar estes projetos que só avançam, para bem do ambiente e da energia mais limpa, se cada pessoa colaborar, reciclando.
“Temos sempre apoios comunitários e tem muita importância este roadshow que nós fazemos todos os anos, porque vimos reafirmar que estamos de acordo com estas políticas comunitárias, adaptando-as a um país como Portugal, que tem algumas particularidades”.