Novo governador do Banco de Portugal toma posse
O economista Carlos Costa assume esta segunda-feira, no Ministério das Finanças, o cargo de governador do Banco de Portugal, sucedendo a Vítor Constâncio à frente do organismo de supervisão do sector financeiro. Nomeado pelo Governo a 23 de Abril, o ex-vice-presidente do Banco Europeu de Investimento, com 60 anos, é empossado pelo titular da pasta das Finanças, Teixeira dos Santos, no salão nobre do Ministério.
Em entrevista à Antena 1, o antigo ministro social-democrata multiplicou os elogios ao novo governador, descrevendo-o como "uma pessoa independente, super-trabalhadora" e "tecnicamente muito competente".
"É muito afável. É uma pessoa extremamente tímida, até, eu direi. Agora, não se confunda essa timidez, ou essa afabilidade, com fraqueza, que não é. É uma pessoa firme, tem convicções claras, tem uma grande bagagem técnica e penso que foi uma excelente escolha", disse João de Deus Pinheiro.
Percurso na banca
Carlos Costa deixa o Luxemburgo ao fim de três anos na vice-presidência do Banco Europeu de Investimento, onde foi determinante para o reforço de projectos relacionados com Portugal. Só em 2008 os projectos portugueses apoiados por aquela instituição sofreram um acréscimo de 62 por cento - os empréstimos aumentaram 124 por cento, num montante global de 2,31 mil milhões de euros.
Licenciado em 1973 pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto - a mesma instituição que formou Teixeira dos Santos -, o sucessor de Constâncio esteve na direcção da Associação de Bancos Europeus e no Conselho Consultivo das Autoridades de Regulamentação dos Mercados de Valores Mobiliários. Foi também membro do Conselho de Administração e director executivo da Caixa Geral de Depósitos, de 2004 a 2006. Ocupou funções semelhantes no Banco Nacional Ultramarino e no Banco Caixa Geral, em Espanha. Até ao Verão de 2009, presidiu ao Banco Simeon.
Antes de assumir funções na Caixa Geral de Depósitos, Carlos Costa foi director para a área internacional do Banco Comercial Português. No domínio académico, leccionou na Universidade Católica e na Universidade de Aveiro.
Constâncio em Frankfurt
Vítor Constâncio assumiu na passada terça-feira a vice-presidência do Banco Central Europeu. Com a reestruturação das responsabilidades atribuídas aos seis elementos do Conselho de Governadores, o ex-número um do Banco de Portugal tem agora a cargo a área da estabilidade financeira, uma pasta que cresceu em importância pela mão do grego Lucas Papademos.
O conselheiro espanhol José Manuel González-Páramo fica responsável pela investigação e o economista Jürgen Stark pela gestão de estatísticas da instituição monetária. O presidente, Jean-Claude Trichet, mantém na sua esfera de competências as tarefas de comunicação e as auditorias internas.
Conhecida a reformulação de pastas, Julian Callow, um responsável do Barclays Capital ouvido pela France Presse, encarava o processo "como um reflexo da considerável expansão no domínio da regulação e supervisão financeiras já realizadas pelo BCE e que é susceptível de aumentar substancialmente mais".