Obama capitaliza sinais de recuperação no terceiro trimestre
O Presidente dos Estados Unidos apoiou-se este sábado nos últimos dados sobre a economia norte-americana, que sinalizam um crescimento de 3,5 por cento no terceiro trimestre do ano, para reclamar a eficácia do plano de estímulo prosseguido pela Administração democrata. Contudo, os dados do desemprego obrigam Barack Obama a moderar o entusiasmo.
Segundo um relatório publicado pelo Governo Federal, as políticas de investimento público e cortes fiscais empreendidas pela Casa Branca, com uma dotação de 787 mil milhões de dólares, terão ajudado a salvar ou a criar mais de um milhão de postos de trabalho. Esta evolução resulta, segundo o painel independente responsável pelo relatório, da concretização de 156.614 contratos, adjudicações e empréstimos federais no valor de 215 mil milhões de dólares e que beneficiaram mais de 62 mil entidades, entre empresas, concessionários, administrações estatais e locais, universidades e organizações sem fins lucrativos.
Cerca de 650 mil empregos directos terão sido assegurados graças às medidas adoptadas pela Administração Obama. No entanto, a maior fatia dos postos de trabalho foi criada ou resgatada pelos governos dos Estados. Metade pertence a professores e demais profissionais do ensino. O conjunto de postos de trabalho resgatados nos últimos meses, afirma o conselheiro de economia da Casa Branca Jared Bernstein, citado pela Associated Press, resulta de não só das medidas de assistência directa mas também de 288 mil milhões de dólares em cortes fiscais.
Números suscitam dúvidas no campo republicano
Barack Obama dedicou a sua intervenção semanal na rádio e na Internet aos dados libertados pelo painel federal independente. Sem deixar de reivindicar os sinais de crescimento para o seu plano de estímulo, o Presidente norte-americano reconheceu que esse é um desempenho insuficiente para atenuar os efeitos do desemprego.
"Ainda que não haja motivos para uma celebração, há certamente razões para acreditarmos que estamos a avançar na direcção certa. É fácil esquecer que, há apenas alguns meses, a economia estava a regredir rapidamente e que muitos economistas temiam outra Grande Depressão", sustentou este sábado o Presidente dos Estados Unidos.
Em Setembro, o desemprego nos Estados Unidos atingiu os 9,8 por cento - o valor mais pronunciado dos últimos 26 anos. O boletim do Departamento do Trabalho relativo ao mês de Outubro poderá apresentar uma taxa superior a dez por cento. Obama está a contar com a subida: "Devemos ter mais perdas de empregos nos próximos dias. Mas não vamos conseguir criar os empregos de que precisamos sem que a economia esteja a crescer".
Para o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, os números da criação de emprego conhecidos na semana passada são, no mínimo, "desnorteantes". Sobretudo tendo em conta o abate de três milhões de postos de trabalho desde a aprovação do plano de estímulo no Capitólio.
"Fizemos progressos"
Outro dos indicadores que desaconselham "uma celebração" diz respeito ao consumo, que em Setembro resvalou meio ponto percentual, sofrendo a maior quebra em cinco meses.
O sucessor de George W. Bush na Casa Branca salienta as medidas adoptadas pela sua Administração com vista a acudir às dificuldades criadas ou agravadas pela crise económica e financeira: cortes na carga fiscal, criação de postos de trabalho, melhoria das condições de acesso ao crédito por parte das empresas e dos particulares, entre outras.
"Fizemos progressos. Ao mesmo tempo, quero enfatizar que ainda há muitos progressos a fazer, pois sabemos que as notícias positivas para a economia como um todo significam pouco para quem perdeu o seu emprego e não consegue encontrar outro, para quem não pode custear os cuidados de saúde ou uma hipoteca, para quem não vê, na sua vida, a melhoria que estamos a ver nestas estatísticas económicas", admitiu Obama.
Outra das frentes do combate à crise, a revisão das práticas remuneratórias da banca norte-americana, terá mais um capítulo a partir da próxima segunda-feira, quando os supervisores da Reserva Federal começarem a debater a fiscalização das políticas de bónus com os executivos das 28 maiores instituições financeiras dos Estados Unidos. O objectivo do banco central norte-americano é impedir que os prémios de gestão praticados por instituições como o Citigroup ou o Bank of America possam impelir administradores e outros quadros de correrem riscos nocivos para o sistema financeiro e para a própria economia do país.