Economia
OE2026. CFP levanta dúvidas sobre sustentabilidade e concretização do excedente
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) considera que o cenário orçamental da proposta de Orçamento do Estado para 2026 levanta dúvidas quanto à concretização.
Na análise à proposta entregue pelo Governo, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral mantém a previsão de um défice de 0,6% para 2026, ao contrário do excedente de 0,1% apontado pelo Ministério das Finanças.
O CFP considera que o cenário do Ministério das Finanças "está alicerçado num conjunto de pressupostos e previsões que colocam questões quanto à concretização dos objetivos orçamentais" e acrescenta que este excedente está alicerçado em dividendos a receber e num encaixe com a venda de imóveis do Estado.
"A proposta orçamental para 2026 apresenta a previsão de um equilíbrio orçamental global, apoiada, em parte, por receitas de caráter extraordinário e em pressupostos que refletem, em alguns casos, alterações não fundamentadas à dinâmica normal da despesa", lê-se no relatório de Análise da proposta de Orçamento do Estado para 2026 do CFP.
A entidade considera que "embora esta estratégia permita projetar um resultado orçamental positivo e a continuação da redução do rácio da dívida pública, suscita dúvidas quanto à sua sustentabilidade, relembrando práticas que no passado limitaram a transparência e a credibilidade da política orçamental".
Considera ainda que o aumento da despesa pública é impulsionada pelas despesas com pessoal e prestações sociais, o que, segundo o CFP, elevado o grau de rigidez da despesa.
"Para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas é essencial privilegiar um equilíbrio orçamental menos dependente de fatores conjunturais e de medidas pontuais. Esse equilíbrio deve ser alcançado sem comprometer o investimento público produtivo, garantindo-se assim também a sustentabilidade do crescimento económico e a equidade intergeracional", defende o CFP.
Nesta análise, é também mencionado o indicador da despesa líquida, que é agora utilizado nas regras orçamentais europeias e cujos valores foram corrigidos pelo Governo a 22 de outubro. Para 2025 e 2026, a taxa de crescimento da despesa líquida é de 5,5% e 4,8%, respetivamente, o que, para este ano, é superior ao compromisso acordado no Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo, enquanto para 2026 é inferior.
Apesar destas diferenças, "tendo em conta a flexibilidade prevista na cláusula de derrogação nacional relativa ao aumento da despesa com investimento na defesa, o desvio acumulado da despesa líquida prevista na POE/2026 mostra-se em conformidade com a trajetória acordada".
O Governo entregou o OE2026 no Parlamento a 9 de outubro, proposta que vai ser discutida e votada na generalidade entre 27 e 28 de outubro. A votação final global está marcada para 27 de novembro, após o processo de debate na especialidade.
No cenário macroeconómico, o Governo PSD/CDS-PP prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2% neste ano e 2,3% em 2026.
Apesar destas diferenças, "tendo em conta a flexibilidade prevista na cláusula de derrogação nacional relativa ao aumento da despesa com investimento na defesa, o desvio acumulado da despesa líquida prevista na POE/2026 mostra-se em conformidade com a trajetória acordada".
O Governo entregou o OE2026 no Parlamento a 9 de outubro, proposta que vai ser discutida e votada na generalidade entre 27 e 28 de outubro. A votação final global está marcada para 27 de novembro, após o processo de debate na especialidade.
No cenário macroeconómico, o Governo PSD/CDS-PP prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2% neste ano e 2,3% em 2026.
c/Lusa