Economia
Oligarcas russos preocupados com impacto das tensões com o ocidente
Os oligarcas da Rússia estão preocupados com as tensões entre Moscovo e o Ocidente, que já custaram às empresas russas milhares de milhões de dólares em valor de mercado. Os empresários mais poderosos do país esperaram cerca de uma hora para ouvir o presidente russo. Quando Putin apareceu, finalmente, no Congresso da União Russa dos Industriais, foi por apenas cinco minutos, e os homens de negócios não receberam do presidente quaisquer garantias de que os seus problemas serão considerados nas decisões geopolíticas do Kremlin.
A única mensagem que o presidente russo tinha para os industriais presentes era a de que as companhias russas devem estar registadas na Rússia e de que a estrutura de propriedade das mesmas deve ser transparente. Um reforço da mensagem que Putin tem vindo a transmitir, de que os negócios das empresas devem ser transferidos do estrangeiro e de volta para a Rússia, a fim de não estarem sujeitos a pressões do exterior.
A economia russa já estava numa fase de retração quando estalou a crise em torno da Crimeia, tendo crescido apenas 1,3 por cento em 2013. Para este ano, as previsões iniciais que apontavam para um crescimento de 2,0 por cento foram completamente anuladas e o conselheiro de Putin, Alexei Kudrin, reconheceu que as estimativas apontam agora para um crescimento zero.
Incerteza afugenta investidores
O comportamento reflexivo dos mercados representa o adversário mais temível para os desígnios geopolíticos de Vladimir Putin, e esse é um factor que nenhuma ameaça do presidente russo pode controlar. Nas últimas semanas, os vários indicadores têm vindo a sofrer por antecipação devido à penalização imposta pelos investidores que, acima de tudo, receiam a instabilidade e a incerteza.
Apesar de as sanções americanas e europeias terem, até agora, atingido apenas indivíduos, (a exceção é o Banco Rossya visado nas novas sanções anunciadas esta quinta-feira por Obama), os líderes os EUA e da UE ameaçaram com mais medidas mais duras e mais abrangentes no futuro, o que é suficiente para produzir uma reação adversa nos mercados.
“O principal risco está nas sanções que não foram anunciadas” reconhece a economista-chefe do Banco Alfa Bank de Moscovo Natalyia Orlova, “é difícil estimar os efeitos nesta altura porque não sabemos quais serão” .
Os efeitos da turbulência são evidentes. A bolsa de Moscovo caiu 10 por cento este mês, fazendo desaparecer milhares de milhões em capitalização de mercado.
Fuga de capitais acelera-se
Na antecipação de possíveis embargos, os investidores estrangeiros começaram também a retirar os seus capitais da Rússia. Entre janeiro e fevereiro, os investidores fizeram sair do país 35 mil milhões de dólares (mais de 25 mil milhões de euros) , tanto quanto na totalidade do ano anterior. Alexei Kudrin reconhece que a fuga de capitais poderá chegar aos 50 mil milhões de dólares por trimestre se forem anunciadas sanções mais duras.
A somar-se a isso, o rublo perdeu nove por cento em relação ao dólar em menos de três meses, o que tornará os produtos importados mais caros para a generalidade da população russa. Num esforço para sustentar a moeda, o Banco Central da Rússia subiu a pique a principal taxa de juro, de 5,5, para 7 por cento, mas a medida também afetará negativamente a economia pois os empréstimos tornam-se mais caros. Standard & Poor's acena com baixa de "rating" da Rússia
Alguns destes fatores serviram de justificação à agência de notação financeira Standard & Poor’s, que esta quinta-feira reviu em baixa a perspetiva da notação da dívida russa, antecipando uma baixa de rating para os próximos meses.
Ainda assim, nenhum dos oligarcas que ouviram Putin expressa, em público, as suas queixas. Esse silêncio deriva de um pacto que estabeleceram com Putin há mais de uma década, que implica desistirem de quaisquer ambições políticas, em troca de mão livre para conduzirem os seus negócios.
Desde a prisão e condenação de Mikhail Khodorkhovsky em 2003 (entretanto libertado) nenhum multimilionário se atreveu a criticar em voz alta as opções políticas do Kremlin.
A economia russa já estava numa fase de retração quando estalou a crise em torno da Crimeia, tendo crescido apenas 1,3 por cento em 2013. Para este ano, as previsões iniciais que apontavam para um crescimento de 2,0 por cento foram completamente anuladas e o conselheiro de Putin, Alexei Kudrin, reconheceu que as estimativas apontam agora para um crescimento zero.
Incerteza afugenta investidores
O comportamento reflexivo dos mercados representa o adversário mais temível para os desígnios geopolíticos de Vladimir Putin, e esse é um factor que nenhuma ameaça do presidente russo pode controlar. Nas últimas semanas, os vários indicadores têm vindo a sofrer por antecipação devido à penalização imposta pelos investidores que, acima de tudo, receiam a instabilidade e a incerteza.
Apesar de as sanções americanas e europeias terem, até agora, atingido apenas indivíduos, (a exceção é o Banco Rossya visado nas novas sanções anunciadas esta quinta-feira por Obama), os líderes os EUA e da UE ameaçaram com mais medidas mais duras e mais abrangentes no futuro, o que é suficiente para produzir uma reação adversa nos mercados.
“O principal risco está nas sanções que não foram anunciadas” reconhece a economista-chefe do Banco Alfa Bank de Moscovo Natalyia Orlova, “é difícil estimar os efeitos nesta altura porque não sabemos quais serão” .
Os efeitos da turbulência são evidentes. A bolsa de Moscovo caiu 10 por cento este mês, fazendo desaparecer milhares de milhões em capitalização de mercado.
Fuga de capitais acelera-se
Na antecipação de possíveis embargos, os investidores estrangeiros começaram também a retirar os seus capitais da Rússia. Entre janeiro e fevereiro, os investidores fizeram sair do país 35 mil milhões de dólares (mais de 25 mil milhões de euros) , tanto quanto na totalidade do ano anterior. Alexei Kudrin reconhece que a fuga de capitais poderá chegar aos 50 mil milhões de dólares por trimestre se forem anunciadas sanções mais duras.
A somar-se a isso, o rublo perdeu nove por cento em relação ao dólar em menos de três meses, o que tornará os produtos importados mais caros para a generalidade da população russa. Num esforço para sustentar a moeda, o Banco Central da Rússia subiu a pique a principal taxa de juro, de 5,5, para 7 por cento, mas a medida também afetará negativamente a economia pois os empréstimos tornam-se mais caros. Standard & Poor's acena com baixa de "rating" da Rússia
Alguns destes fatores serviram de justificação à agência de notação financeira Standard & Poor’s, que esta quinta-feira reviu em baixa a perspetiva da notação da dívida russa, antecipando uma baixa de rating para os próximos meses.
Ainda assim, nenhum dos oligarcas que ouviram Putin expressa, em público, as suas queixas. Esse silêncio deriva de um pacto que estabeleceram com Putin há mais de uma década, que implica desistirem de quaisquer ambições políticas, em troca de mão livre para conduzirem os seus negócios.
Desde a prisão e condenação de Mikhail Khodorkhovsky em 2003 (entretanto libertado) nenhum multimilionário se atreveu a criticar em voz alta as opções políticas do Kremlin.