Operador de casino Macau Legend põe à venda praça `manuelina` na ilha vizinha

O endividado operador de casinos Macau Legend lançou hoje um concurso público para a venda de um projeto imobiliário na vizinha Hengqin (ilha da Montanha), que inclui uma praça ao `estilo manuelino`.

Lusa /

De acordo com um comunicado enviado pela empresa à bolsa de valores de Hong Kong, os eventuais interessados na compra do projeto Ponto Legend podem apresentar propostas até 30 de outubro.

Na nota, divulgada na sexta-feira, sublinha-se que "não há preço inicial definido para o concurso público" e que o lucro para a Macau Legend "dependerá do preço final oferecido pelo licitante vencedor".

Os interessados terão de apresentar, no entanto, uma garantia bancária no valor de 15 milhões de yuan (1,79 milhões de euros) à Zhuhai Lai Ieng, empresa que detém o Ponto Legend.

A Macau Legend detém uma participação de 21,5% na Zhuhai Lei Ieng e a operadora não revelou a identidade dos restantes acionistas.

O Ponto Legend, situado junto à fronteira que separa a zona económica especial de Hengqin e Macau, tem atualmente 109 espaços comerciais e 862 lugares de estacionamento, referiu a empresa.

O projeto, com uma área de cerca de 130 mil metros quadrados, foi lançado em 2014. Na altura o líder da Macau Legend, David Chow Kam Fai, disse que poderia servir como "porta de entrada" dos turistas chineses para a cultura portuguesa.

Em março de 2019, a operadora disse num comunicado que o Ponto Legend estaria pronto até ao final do ano, incluindo uma praça `manuelina` com capacidade para acolher dez mil pessoas.

O edifício principal do projeto seria um centro de exposições, que poderia "promover os produtos de qualidade", nomeadamente os vindos dos países lusófonos.

Na sexta-feira, a Macau Legend admitiu ter "dúvidas significativas sobre a capacidade do grupo de continuar em atividade" devido a dívidas totais de 2,4 mil milhões de dólares de Hong Kong (262,2 milhões de euros).

A operadora anunciou um prejuízo de 1,42 mil milhões de dólares de Hong Kong (157,2 milhões de euros) na primeira metade, mais de 12 vezes superior ao registado no mesmo período de 2024.

A empresa justificou os resultados com uma queda no valor do empreendimento Doca dos Pescadores, devido ao encerramento já anunciado, até ao fim do ano, do `casino-satélite` Legend Palace.

No final de março, a Macau Legend já tinha anunciado prejuízos de 45,9 milhões de dólares de Hong Kong (5,44 milhões de euros) em 2024, em parte devido à reversão de um hotel-casino na capital de Cabo Verde.

Em novembro, as autoridades cabo-verdianas iniciaram um processo de reversão do hotel-casino e demais obras inacabadas da Macau Legend, no ilhéu de Santa Maria e orla marítima da Gamboa, na cidade da Praia.

Em julho, o ministro da Administração Interna de Cabo Verde, Paulo Rocha, disse à Lusa que o Governo dará uma "última oportunidade" à empresa, que prometeu "uma alternativa" para o espaço.

No final de 2023, o presidente da Macau Legend, Li Chu Kwan, disse que o grupo pretendia encerrar os projetos em Cabo Verde e Camboja até 2025.

 

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