Operador de casinos diz que escassez de hotéis ameaça competitividade de Macau
O líder de uma das seis operadoras de casinos em Macau alertou hoje que a escassez de quartos de hotel poderá ameaçar a competitividade internacional da cidade como destino turístico.
O presidente do Galaxy Entertainment Group, Francis Lui Yiu Tung, disse que "a questão dos quartos de hotel deve também ser abordada", à medida que os casinos de Macau se concentram na realização de eventos e em apostadores da classe média.
Em 2019 os grandes apostadores representavam 46,2% das receitas totais dos casinos de Macau. Mas nos primeiros três meses do ano este segmento, conhecido como jogo VIP, ficou-se por uma fatia de 25,1%.
As grandes apostas foram afetadas pela detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em novembro de 2021.
Alvin Chau Cheok Wa, antigo diretor executivo da Suncity, foi condenado em janeiro de 2023 a 18 anos de prisão, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças de promotores de jogo emitidas em Macau.
Capital mundial do jogo, com receitas que atingem o dobro da cidade norte-americana de Las Vegas, Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal.
Francis Lui lembrou que Las Vegas recebeu 42,5 milhões de visitantes em 2019, antes do início da pandemia, e que atualmente conta com "mais de 155 mil quartos de hotel".
"Isto é mais de três vezes superior ao de Macau", lamentou o empresário, apesar de a cidade ter recebido mais de 34,9 milhões de turistas no ano passado.
E o número de quartos de hotéis disponíveis na região semiautónoma chinesa chinesa tem vindo a diminuir.
De acordo com dados oficiais, os hotéis e pensões de Macau contavam, no final de março de 2025, com 44 mil quartos, menos 5,8% do que no mesmo mês do ano passado.
Como resultado, o número de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros caiu 5,4% no primeiro trimestre de 2025 e cerca de 59% dos visitantes chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na cidade.
"A procura por alojamento continuará a ultrapassar a oferta nos próximos anos", alertou Francis Lui.
"Se não conseguirmos enfrentar adequadamente a questão da oferta de alojamento, a competitividade de Macau (...), não só a nível regional mas também global, poderá ser prejudicada", avisou o empresário.
Francis Lui admitiu que a escassez de terrenos disponíveis em Macau é um desafio e apontou como possível solução "a maior integração" com a vizinha zona económica especial de Hengqin (ilha da Montanha).
Por outro lado, o operador disse que as seis concessionárias devem "unir-se para proteger a posição de liderança de Macau, não competindo nos preços, mas na qualidade da experiência do cliente".
De acordo com dados da Associação de Hotéis de Macau, que reúne 47 estabelecimentos locais, os preços médios dos quartos caíram 9,7% em termos homólogos para 1.287 patacas (142 euros) em março.
Francis Lui discursou durante o arranque da Global Gaming Expo Asia, o maior evento da indústria do jogo realizado em Macau, que vai decorrer até sexta-feira.