Operador espanhol saúda primeira análise de peritos europeus

O operador do sistema elétrico de Espanha considerou hoje que o primeiro relatório do painel de peritos europeus que investiga o apagão de abril ratifica a sua própria análise, em que responsabilizou as empresas produtoras de energia pelo ocorrido.

Lusa /

O painel de peritos "confirma a sequência de factos relatada no relatório" apresentada em junho pela Rede Eléctrica de Espanha (REE), "referendando assim a análise realizada pelo operador do sistema", disse a empresa, num comunicado.

A REE ressalvou que os peritos europeus apresentaram hoje um "relatório factual" e que "a análise posterior destes factos" é que "levará à identificação das causas do incidente e a recomendações", num relatório final previsto para o primeiro trimestre de 2026.

Ainda assim, insistiu a REE, o documento hoje divulgado baseia-se em factos e numa sequência de acontecimentos dados como provados, que culminaram com o apagão elétrico na Península Ibérica de 28 de abril, e que ratificam a análise que a Red Eléctrica apresentou em 18 de junho.

No relatório que apresentou em 18 de junho, a REE atribuiu o apagão a incumprimentos de obrigações por parte das empresas produtoras de energia e rejeitou acusações de mau planeamento.

"Se os geradores com obrigação de cumprimento de controlo dinâmico de tensão - os geradores ligados ao sistema no momento do incidente - tivessem cumprido, não teria havido apagão", disse a diretora geral de Operação da Red Elétrica, Concha Sánchez.

Segundo a REE, após oscilações relevantes no sistema a partir das 12:03 locais de 28 de abril (meia hora antes do apagão), uma série de centrais de produção desligaram-se, levando ao apagão total, mas fizeram-no de forma "incorreta", incumprindo obrigações, uma vez que nesse momento a tensão no sistema estava "totalmente dentro dos limites" estabelecidos legalmente.

A REE recusou ter feito uma "má planificação" nos dias e horas anteriores ao apagão, como apontou o Governo espanhol num relatório e a associação espanhola de produtores de energia Aelec, defendendo que o colapso teria sido evitado se as empresas com unidades de produção tivessem cumprido as obrigações que tinham naquele dia por solicitação do operador.

O relatório apresentado pelo Governo espanhol, também em junho, responsabilizou tanto a REE como as empresas produtoras de eletricidade pelo apagão, concluindo que houve mau planeamento por parte da Red Eléctrica, mas também incumprimentos de obrigações por parte das produtoras.

O apagão ibérico de 28 de abril foi provocado por uma sucessão de desligamentos súbitos de produção renovável, e subsequente perda de sincronismo com a rede continental europeia, segundo o painel de peritos que investiga o incidente.

O relatório hoje publicado, elaborado por 45 especialistas de operadores de rede e reguladores de 12 países, classifica o incidente como de "escala 3" --- o nível mais grave previsto pela legislação europeia --- e descreve-o como "o mais significativo ocorrido no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos", afetando milhões de cidadãos e provocando perturbações graves em serviços essenciais.

De acordo com a análise da Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês), a sequência de falhas teve início às 12:32 (hora de Bruxelas), quando diversas centrais solares e eólicas no sul de Espanha se desligaram subitamente da rede, seguidas de perdas adicionais em regiões como Granada, Badajoz, Sevilha e Cáceres.

O relatório nota que as análises realizadas pelos centros de coordenação regionais na véspera do incidente não tinham identificado riscos significativos.

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