Papelaria Fernandes atravessou três séculos e tem valor mercado de 7,32 ME

Lisboa, 27 Mar (Lusa) - A Papelaria Fernandes, cujos accionistas aprovaram hoje a proposta da administração para declarar a insolvência, atravessou três séculos, tendo sido fundada em 1891 por Joaquim Lourenço e Artur Lourenço, e tem capitalização bolsista de 7,32 milhões de euros.

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De acordo com a cotação da última sessão em que a empresa negociou títulos - 21 de Janeiro - o valor de mercado da Papelaria Fernandes é de 7,32 milhões de euros.

O nome Fernandes foi herdado do antigo proprietário do negócio e adoptado oficialmente em 1919, sob a designação "Fernandes & CªLda".

A designação manteve-se até 1957, altura em que foi transformada em sociedade anónima, passando a designar-se "Papelaria Fernandes, S.A.R.L" até 1986.

O negócio da Papelaria Fernandes manteve-se estritamente comercial até 1917, ano em que iniciou a sua actividade industrial com a fabricação de sobrescritos, tendo posteriormente alargado a actividade à encadernação, litografia, gravura e cartonagem.

Em 1935, a empresa começa a expansão da rede de lojas com a abertura da loja da rua do Ouro, totalizando actualmente 21 lojas em Portugal.

Posteriormente, alargou o âmbito da sua acção a novas actividades industriais ou comerciais e em 1987 é admitida à Bolsa de Valores de Lisboa, tendo atingido o seu máximo histórico em Agosto de 1993, nos 6,4 euros (valores ajustados à transição para a moeda única).

É em 1988 que ocorre a entrada da Inapa no capital da empresa, accionista que passa a assumir o controle de gestão e faz uma nova reorganização orgânica, criando várias empresas que vieram a constituir o grupo Papelaria Fernandes.

A partir de 2000, a Inapa foi alienando a sua participação no capital, sendo substituída por novos accionistas de referência entre os quais a Fundação Ernesto Lourenço Estrada e empresas de Joe Berardo.

Actualmente, Joe Berardo detém 19,83 por cento da Papelaria Fernandes, a Fundação Ernesto Estrada detém 32,82 por cento e José Morgado Henriques detém 24,85 por cento.

Em 2006, começou a estratégia de internacionalização do grupo - já com a nova imagem de marca PF - com a abertura da primeira loja em Luanda, Angola.

Os accionistas da Papelaria Fernandes aprovaram hoje em assembleia-geral a proposta da administração de declarar a insolvência da empresa "objectivando a recuperação da sociedade", bem como o pedido de exclusão das suas acções da negociação em bolsa.

A empresa fechou o ano de 2008 com capitais próprios negativos de 22,33 milhões de euros e as contas demonstram um agravamento da situação financeira da empresa, que acumulou prejuízos de cerca de 21,7 milhões de euros.

A situação da empresa agravou-se no início deste mês, com a demissão em bloco do conselho de administração liderado por José Ortigão Sanches, o mesmo que agora avançou com o pedido de insolvência da empresa.

Este ano, só foram transaccionados 627 títulos da Papelaria Fernandes, em apenas duas operações bolsistas, tendo hoje a empresa pedido à Euronext Lisboa a suspensão provisória da negociação de acções no mercado regulamentado.

ACF/DN.

 

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