Patris Investimentos entra hoje em bolsa com capitalização a rondar 15 ME
Lisboa, 15 dez (Lusa) - A `holding` seguradora Patris Investimentos será a partir de hoje a única empresa portuguesa do setor cotada em bolsa, no mercado não regulamentado da Euronext, o Alternext, com uma capitalização que ronda os 15 milhões de euros.
A negociação das ações da dona da seguradora Real Vida Seguros, a principal empresa da Patris Investimentos, tem início hoje às 15:30, no Alternext, segundo foi hoje anunciado na sessão de apresentação desta admissão, pelas três entidades envolvidas no processo: a própria Patris Investimentos, liderada por Gonçalo Pereira Coutinho, a Euronext Lisbon e o Montepio, instituição financeira responsável pela operação.
Vão ser então admitidas 4,6 milhões de ações nominativas, escriturais sem valor nominal, correspondentes a uma capitalização bolsista de 14,834 milhões de euros, num processo de negociação por chamada e em que o preço de referência são os 3,2 euros.
A operação de admissão foi efetuada por oferta particular (modalidade em que três ou mais investidores totalizam 2,5 milhões de euros num período de 12 meses), tendo a Patris executado três aumentos de capital em 2016 de 2,6 milhões de euros, dos quais 2,5 milhões de euros colocados em 11 novos acionistas.
Os principais acionistas, Gonçalo Pereira Coutinho, e os administradores Eduardo Espinar Fernandez e João Freitas e Costa, continuam a manter o controlo da empresa.
O presidente da Patris Investimentos, criada em 2006 e que inclui a Patris Gestão de Ativos, a Fincor e a Patris SGFTC, Gonçalo Pereiro Coutinho, afirmou-se como "grande defensor do mercado de capitais" e destacou as vantagens "da importante ferramenta" que é o Alternext.
"O facto de podermos aceder a este mercado ajuda-nos num caminho de crescimento por aquisições, através de aumento de capital e de crescimento orgânico. Portugal tem de um modo geral um défice de capital. Não nos podemos queixar que não temos capital e depois não procurarmos todas as soluções para o atingir", disse Gonçalo Pereira Coutinho, já em declarações aos jornalistas.
A presidente da Euronext Lisbon, que está de saída para a administração da Caixa Geral de Depósitos em data ainda desconhecida, Maria João Carioca, especificou ainda que o Alternext "é uma das soluções que a bolsa oferece" às empresas para irem buscar capital, facilitando nomeadamente as aquisições e a entrada de investidores.
"O Alternext está pensado para ser caminho a fazer. Está hoje muito mais aligeirado, mais rápido e mais leve. Na prática, está muito mais próximo das capacidades de prestação de informação de uma empresa que ainda tem uma estrutura mais leve", detalhou Maria João Carioca.
À Patris Investimentos o processo demorou apenas três meses, se bem que meses de "muito trabalho" e de preparação interna antecipada, segundo revelou Gonçalo Pereira Coutinho, contando ainda que este era um sonho com muitos anos, tendo inclusive o grupo ponderado a hipótese de entrada já em 2011, o que nunca chegou a avançar devido à conjuntura económica de então, em pleno resgate financeiro.
"É um sonho de 10 anos que hoje é aqui materializado. É um pequeno passo para o mercado de capitais, mas para nós é um grande passo", disse.
Depois da Intelligent Sensing Anywhere (ISA) em 2012 e da Nexponor em 2013, a Patris será a terceira empresa portuguesa a entrar no Alternext, sendo à semelhança das operações anteriores o Montepio Investimento o assessor financeiro da operação. O Montepio foi no caso daquelas duas empresas e será agora no caso da Patris o `listing sponsor`.
"Em três meses, foi possível fazer um prospeto. Foi um trabalho conjunto e tripartido. Nunca é insuficiente dizer que o mercado de capitais tem de ser apresentado como uma das soluções de financiamento empresarial", disse, por sua vez, Luís Filipe Costa do Montepio.
Luís Filipe Costa reforçou a necessidade de existir "uma palete de produtos financeiros para ultrapassar constrangimentos", como as capitais de risco ou os `business angels` (investidores a nível particular): "Espero que em 2017 possamos estar aqui mais vezes, porque isso será o resultado do dinamismo das empresas portuguesas e do mercado de capitais português".
Em junho de 2016, os ativos consolidados da Patris Investimentos rondavam os 273 milhões de euros e, segundo dados do final de 2015, o grupo tem 210 colaboradores, 76 mil clientes e apresentou um resultado líquido de 520 mil euros.