Peritos portugueses partem hoje para integrar projeto de reabilitação no Butão

por Lusa

Porto, 10 jan (Lusa) -- Um grupo de peritos portugueses parte para o Butão hoje, onde vai passar as próximas quatro semanas a avaliar construções de duas aldeias no noroeste do país, num projeto gerido pelo Banco Mundial.

As empresas portuenses NCREP -- Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património e Atelier in.vitro vão iniciar assim o seu primeiro projeto internacional, que tem a duração de três meses e está inserido num plano mais abrangente de reabilitação de aldeias históricas do Butão, financiado pelo governo do Japão, disse à Lusa Tiago Ilharco, do NCREP.

O elemento do NCREP explicou que vai, a par de Joana Leandro Vasconcelos do in.vitro, realizar trabalho de campo durante quatro semanas, tendo contratado um arquiteto local para apoio, decorrendo, depois, dois meses de trabalho já em Portugal.

O projeto global, intitulado "Melhorando a resistência ao risco sísmico", foi aprovado em 2013 e tem a sua conclusão prevista para maio de 2017, com um custo total de cerca de 1,1 milhões de euros, de acordo com a página do Banco Mundial relativa ao plano.

"A última década tem visto muitos desastres naturais de larga escala no sul da Ásia: o tsunami de 2004 no Sri Lanka, o terramoto de 2005 no Paquistão, o ciclone de 2007 no Bangladexe e as inundações recentes na Índia", pode ler-se num comunicado da instituição datado de 2013, no âmbito do projeto.

Tiago Ilharco referiu que o trabalho que vão fazer no terreno passa pela análise "das construções das aldeias [para] perceber qual a sua vulnerabilidade sísmica e qual o risco que têm, perceber as necessidades que há para as reforçar e funcionarem melhor em caso de sismo".

"Implica conhecer bem a ligação entre elementos estruturais, como é que as paredes ligam aos pavimentos de madeira, porque tudo isso tem influência no comportamento sísmico dos edifícios", afirmou o responsável do NCREP.

Do lado do Atelier in.vitro, Joana Leandro Vasconcelos disse que o objetivo é "perceber se ainda é possível construir da mesma forma", ou seja, se os mesmos materiais e métodos usados aquando da construção podem ser repetidos.

"O método construtivo tem semelhanças com alguns que encontramos cá em Portugal. A construção em terra compactada existe em Portugal, em Aveiro e no Sul, a utilização da madeira como estrutura de pavimento e de cobertura até podemos encontrar aqui no Porto", declarou a arquiteta.

As duas aldeias que as empresas do Porto vão estudar são compostas, cada uma, por cerca de 10 habitações, algumas que datam já dos século XVIII e XIX.

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