Peso de exportações portuguesas no PIB sobe de 21,3% em 1985 para 27,8% em 2014
O peso das exportações portuguesas no Produto Interno Bruto (PIB) passou de 21,3% antes da adesão à CEE, em 1985, para 27,8% em 2014, tendo a taxa de cobertura melhorado de 73,3% para 81,9%, informa hoje o INE.
Numa análise da evolução do comércio internacional de bens de Portugal desde 1985, ano anterior à adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE) - divulgada hoje para assinalar o Dia da Europa, que ocorrerá a 09 de maio - o Instituto Nacional de Estatística (INE) destaca ainda a ascensão de Espanha a principal parceiro comercial de Portugal.
Segundo os dados do INE, em 1985 as exportações de bens para o exterior corresponderam a 4.847,1 milhões de euros (21,3% do PIB) e as importações de bens a 6.616,7 milhões de euros (29,0% do PIB), atingindo a balança comercial de bens um saldo negativo de 1.769,6 milhões de euros (-7,8% do PIB), correspondendo a uma taxa de cobertura de 73,3%.
Já em 2014, as exportações atingiram 48.177,1 milhões de euros (27,8% do PIB) e as importações ascenderam a 58.853,8 milhões de euros (34,0% do PIB), correspondendo a um saldo da balança comercial negativo de 10.676,7 milhões de euros (-6,2% do PIB) e a uma taxa de cobertura de 81,9%.
Em 1985 os principais mercados de destino dos bens nacionais foram o Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos da América (EUA) e Holanda, enquanto os maiores fornecedores de bens a Portugal eram Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Espanha.
Segundo nota o INE, todos estes países permaneceram como "importantes clientes e fornecedores de bens" a Portugal entre 1986 e 2014, sendo contudo de destacar "claramente" a ascensão de Espanha a principal parceiro comercial de Portugal e, em sentido contrário, o "declínio" do peso relativo dos EUA.
"Com a integração simultânea na CEE dos dois países ibéricos a proximidade geográfica começou a refletir-se mais acentuadamente nas transações comerciais de bens de Portugal", explica o instituto.
Assim, se em 1985 Espanha era o 6.º principal cliente de Portugal, com um peso de 4,1%, a partir de 2000 passou a 1.º, tendo atingido um peso de 23,5% em 2014.
Nas importações de bens, o aumento do peso de Espanha foi ainda superior: de 7,4% em 1985 (5.º maior fornecedor de bens a Portugal) para 32,5% em 2014 (principal fornecedor).
Em sentido oposto, os EUA "perderam relevo" com a adesão de Portugal à CEE, em especial nas importações: em 1985, eram o 4.º maior cliente e o 2.º principal fornecedor de bens, com pesos superiores a 9%, mas em 2014 já só ocupavam a 6.ª (peso de 4,4%, -4,8 p.p. face a 1985) e a 10.ª posição (1,6%, -8,2 p.p. face a 1985), respetivamente.
Em termos dos bens transacionados, em 1985 Portugal exportava sobretudo vestuário, tecidos de malha, máquinas e aparelhos elétricos, calçado e máquinas e aparelhos mecânicos, notando-se uma "mudança significativa" em 2014, com a perda de importância relativa do vestuário, tecidos de malha e calçado e o aumento dos veículos automóveis, combustíveis minerais e plásticos.
No que respeita às importações, em 1985 os combustíveis minerais, as máquinas e aparelhos mecânicos, os veículos automóveis, as máquinas e aparelhos elétricos e os cereais foram os principais bens comprados por Portugal, sendo que em 2014 apenas os cereais foram substituídos pelos plásticos como os principais produtos importados.