PIB da Guiné Equatorial cresceu 100 vezes em 25 anos mas 57% da população vive na pobreza

O Banco Mundial disse hoje num relatório que o Produto Interno Bruto da Guiné Equatorial aumentou 100 vezes entre 1995 e 2020, mas 57% da população ainda vivia, em 2024, abaixo do limiar da pobreza.

Lusa /

"O relatório deste ano mostra que o capital produzido pela Guiné Equatorial aumentou 100 vezes entre 1995 e 2020, impulsionado pelos investimentos públicos após importantes descobertas de petróleo e gás", escreve o Banco Mundial no relatório sobre a atualização da situação económica do mais recente país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). 

No relatório `Atualização Económica da Guiné Equatorial` deste ano, o Banco Mundial aponta que a economia equato-guineense cresceu cerca de 0,9% em 2024, abrandando face aos 5,1% registados no ano anterior, mas salienta que "a inflação de 3,4% em 2024, juntamente com o crescimento lento e as oportunidades de emprego limitadas, contribuíram para o aumento da pobreza, com cerca de 57% da população a viver abaixo do limiar da pobreza".

O relatório analisa os recentes desenvolvimentos económicos e as perspetivas do país e destaca a importância de uma contabilização abrangente da riqueza, sublinhando também o papel do capital humano, físico e natural na formação do crescimento e desenvolvimento sustentáveis.

"Embora os resultados em matéria de educação e saúde tenham melhorado na Guiné Equatorial nos últimos anos, são necessários esforços adicionais para alinhar os resultados do capital humano do país com os de países com um nível de rendimento semelhante", diz o Banco Mundial.

O setor dos hidrocarbonetos, apesar de uma redução da capacidade dos poços de petróleo na ordem dos 30% entre 2005 e 2020, continua a dominar a economia, representando mais de 80% das receitas e quase 46% do PIB, apontam os economistas do Banco Mundial.

Citado no comunicado, o representante residente desta entidade no país afirmou: "A Guiné Equatorial alcançou avanços notáveis nas últimas décadas; aproveitando a sua riqueza em recursos naturais, especialmente petróleo, o país registou um crescimento económico substancial, um desenvolvimento considerável das infraestruturas e melhorias em determinados indicadores sociais".

No entanto, Juan Diego Alonso acrescentou que, "dado o declínio do setor dos hidrocarbonetos, é imperativo implementar reformas abrangentes para diversificar a economia, utilizando os ricos ativos do país, incluindo o setor florestal".

Para a economista nacional da Guiné Equatorial e principal autora do relatório, Djeneba Doumbia, "a Guiné Equatorial pode impulsionar o crescimento e a criação de empregos, aproveitando os serviços ecossistémicos florestais nos setores de processamento de madeira, ecoturismo e agricultura, mas isso exigirá investimentos e reformas contínuas para criar um ambiente propício".

A Guiné Equatorial registou um crescimento da economia fortíssimo entre 1995 e 2010, anos em que a exploração de petróleo foi muito significativa, mas desde então o país tem registado, quase sempre, crescimentos negativos, e desde 2015 apenas por três anos registou uma expansão do PIB, com o FMI a prever apenas no final desta década um regresso ao crescimento sustentado, na ordem dos 3,2% em 2030.

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