Plano da China para autossuficiência em carne de porco é desígnio de países deficitários diz FPAS
A federação portuguesa de suinicultores defendeu hoje que o plano da China para atingir a autossuficiência em carne de porco é o "desígnio a que a maioria dos países deficitários se propõe", vincando que este é um mercado importante.
"A autossuficiência a que se propõe a China para os próximos dez anos é o desígnio a que a maioria dos países deficitários se propõe, incluindo Portugal", afirmou, em resposta à Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), David Neves.
A China publicou hoje um plano para desenvolver a produção interna de carne de porco, um item cada vez mais importante nas exportações portuguesas para o país asiático, visando atingir a autossuficiência nos próximos dez anos.
Segundo a FPAS, o mercado chinês é um dos mais importantes para a fileira da carne de porco em Portugal, apesar das exportações para aquele país terem começado há cerca de dois anos.
David Neves vincou ainda ser necessário consolidar um conjunto de outros mercados extracomunitários "que pesam na nossa balança económica", como Angola, Reino Unido, Japão ou Cabo Verde.
"Impõem-se também que as autoridades portuguesas assumam um papel mais preponderante e célere no desbloqueio da abertura de novos mercados, nomeadamente asiáticos, como as Filipinas e o Vietname", acrescentou, notando que este trabalho está a ser feito pela FPAS e pela Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco.
O documento oficial da China estabelece como meta para a produção nacional garantir 95% do consumo interno de carne de porco -- a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, com mais de 22 quilos consumidos por pessoa por ano.
A diretriz enfatiza o objetivo de "controlar variações anormais de produção e venda", após severas interrupções provocadas desde 2019 por surtos de peste suína africana.
As compras ao exterior duplicaram em 2020 para atender à procura, beneficiando também os produtos portugueses.
De acordo com dados do IFAP -- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas de Portugal, o país asiático foi o segundo melhor cliente da carne de porco portuguesa, adquirindo um total de 56 milhões de euros, valor superado apenas por Espanha.
