Plataforma Logística Lisboa-Norte prometia 17 500 empregos mas apenas tem acessos construídos

Vila Franca de Xira, 11 mar (Lusa) - Cinco anos após o lançamento da Plataforma Logística Lisboa-Norte, que previa um investimento de 265 milhões de euros e a criação de 17 500 empregos, apenas os acessos, pagos pela câmara de Vila Franca de Xira, estão concluídos.

Lusa /

O empreendimento, sediado na freguesia de Castanheira do Ribatejo, foi lançado a 11 de março de 2008, pelo então primeiro-ministro, José Sócrates. A Abertis Logística, empresa promotora espanhola - entretanto adquirida pela Saba Infraestructuras - disse, na ocasião, que o projeto ia criar milhares de postos de trabalho, sendo cinco mil diretos, durante os dez anos seguintes.

Passados cinco anos, não foi construído um único pavilhão nem criado nenhum posto de trabalho. O investimento mais avultado e visível são os dois milhões de euros que saíram dos cofres do município para custear os acessos, que contemplam a ligação à Auto-estrada do Norte (A1), onde foram colocadas as placas que assinalam a saída para a Plataforma Logística Lisboa-Norte (PLLN).

"Sentimo-nos enganados. A população e o comércio do concelho criaram muitas expetativas em relação à criação de emprego e de muito movimento, mas, até agora, deu em zero. Não se fez nada, a não ser os acessos que foram pagos por todos nós", afirmou o presidente da junta de Castanheira do Ribatejo.

Ventura Reis (CDU) deixou outro lamento: "Desafetou-se um terreno desta dimensão que era RAN [Reserva Agrícola Nacional] e que continha um dos melhores lençóis de água doce da Europa, para se chegar a esta situação. O pior é que não se prevê que isto avance nos próximos anos e vai ficar ali um autêntico elefante branco."

O setor empresarial de Vila Franca de Xira manifesta igualmente o seu desagrado e tristeza pelo facto de o empreendimento estar parado.

"Não é nada bom que o projeto esteja como está e o concelho sofre com isso, uma vez que houve uma expectativa que foi defraudada. Os políticos dizem que ainda vai para a frente, mas estamos céticos em relação ao momento em que isso poderá eventualmente acontecer", disse o vice-presidente da Associação Empresarial dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS).

João Paulo Range reconheceu, contudo, que o atual momento não favorece os investimentos, mas espera que um dia o parque logístico seja uma realidade.

O responsável acrescentou que houve várias escolas profissionais do concelho de Vila Franca de Xira que abriram cursos de logística a pensar nos milhares de postos de trabalho que os promotores da Plataforma Logística Lisboa-Norte prometeram.

Para a presidente da câmara de Vila Franca de Xira foram primeiramente "fatores burocráticos ao nível da administração central", e mais recentemente "a conjuntura económica recessiva que vieram prejudicar a conclusão e funcionamento do projeto no tempo inicialmente previsto".

"Acreditamos que, quando a retoma económica acontecer, a plataforma logística terá todas as condições para poder laborar da forma planeada. Esperamos que isso possa acontecer o mais brevemente possível", acrescentou Maria da Luz Rosinha (PS), numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

Contactada pela Lusa, a Saba Infraestructuras, empresa promotora, escusou-se, de momento, a fazer qualquer comentário sobre a situação da Plataforma Logística Lisboa-Norte.

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