Polícia do Quénia bloqueou acessos a Nairobi para controlar manifestações
A polícia do Quénia bloqueou hoje estradas e mobilizou um forte dispositivo na capital, Nairobi, devido à organização de protestos contra o governo previstos para hoje.
As últimas manifestações em Nairobi ficaram marcadas pela violência policial, mortes e pilhagens.
Hoje assinala-se no Quénia o dia "Saba Saba" ("Sete, Sete" em suaíli, correspondente ao dia 07 de julho) em que ocorreu uma manifestação, em 1990, que exigiu a implementação do sistema político multipartidário e que pôs fim ao governo autocrático do chefe de Estado Daniel Moi.
Este ano, as celebrações são combinadas com manifestações previstas em todo o país contra a estagnação económica, a corrupção e a brutalidade policial.
O atual chefe de Estado, William Ruto, eleito em 2022 que prometeu defender a população desfavorecida tem sido criticado pela oposição e organizações de direitos humanos.
De acordo com a Agência France Presse (AFP), várias estradas da capital queniana foram hoje bloqueadas pela polícia, nomeadamente as que conduzem ao centro da cidade, onde se encontra o edifício do Parlamento.
As manifestações ocorridas no passado dia 25 de junho foram reprimidas pelas autoridades tendo os confrontos causado 19 mortos e 500 detidos.
Os protestos do dia 25 de junho destinavam-se a homenagear as dezenas de vítimas do movimento de cidadãos organizado em 2024 contra um projeto de aumento de impostos.
Nesse dia, os manifestantes entraram em confronto com a polícia.
Milhares de estabelecimentos comerciais do centro de Nairobi foram pilhados.
As organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, criticaram o comportamento das autoridades.
As Nações Unidas lamentaram a violência, apelando à calma e pediram investigações independentes e transparentes.
Os manifestantes acusaram as autoridades de pagarem a grupos armados para desacreditarem os movimentos da sociedade civil, enquanto o Governo comparou os protestos a uma "tentativa de golpe" de Estado.
A violência policial afetou a imagem do Quénia, país da África Oriental com uma população de cerca de 55 milhões de habitantes.
A repressão dissuadiu muitas pessoas de se manifestarem, nomeadamente mulheres, na sequência de relatos de violações sexuais ocorridas durante os últimos protestos.
No domingo, um grupo armado atacou a sede da Comissão Queniana dos Direitos Humanos, que realizava uma conferência de imprensa em que apelava ao fim da brutalidade policial.