Economia
Portugal com avanços mas ainda estão em risco de pobreza mais de dois milhões
Os dados indicam que Portugal tem feito uma "trajetória positiva" no combate à pobreza, há menos pessoas em risco de pobreza, mas ainda assim há perto de dois milhões de pessoas que continuam no limiar - o que não reflete o crescimento económico. O alerta é do relatório "Portugal Balanço Social 2024", divulgado esta quarta-feira, que revela que o risco é maior entre idosos, famílias com filhos, imigrantes e desempregados, apelando por isso a uma "reflexão aprofundada".
“Em 2023, Portugal estava abaixo da média da União Europeia nos principais indicadores de pobreza, exceto na taxa de risco de pobreza”, começa por referir o relatório, indicando que a taxa de risco de pobreza “após transferências monetárias em Portugal era de 17 por cento (16,2 por cento para a UE27)”.
Já a taxa de privação material e social severa era de 4,9 pr cento (6,8 por cento para a UE27) e a percentagem de pessoas em agregados familiares com intensidade laboral muito baixa era de 6,3 por cento (8 por cento para a UE27).Dois em cada cinco portugueses seriam pobres se não recebessem apoios sociais.
O relatório publicado por quatro investigadores da Nova SBE, indica ainda que mais de dez por cento da população residente em Portugal estava em “situação de pobreza extrema em 2023”.
Ou seja, uma em cada dez famílias vive com menos de metade do rendimento mediano nacional - menos de 300 euros por mês.
E em 2024 os dados mostram que 16,6 por cento encontravam-se em risco de pobreza – cerca de 1.761 milhares de pobres. Isto corresponde a uma diminuição de 0,4 pontos percentuais face a 2023.
A Roménia é o país da UE que apresenta a maior taxa de pobreza ou exclusão social (32 por cento), mas em 2023, “Portugal estava, também neste indicador, abaixo da média da União Europeia (20,1 por cento vs. 21,3 por cento)”.“Não obstante a trajetória positiva dos últimos anos, Portugal tem, em 2023, uma taxa de risco de pobreza ou exclusão social de 20,1 por cento. Logo, um quinto da população, ou mais de 2 milhões de pessoas, estão em risco de pobreza ou exclusão social”, sublinham os autores do estudo.
De acordo com os investigadores, há diferentes linhas que delimitam a pobreza: em 2023, um adulto a viver sozinho, com menos de 632 euros por mês, é considerado pobre; uma família monoparental com uma criança se tiver menos de 822 euros por mês; dois adultos e uma criança são pobres com menos de 1.138 euros mensais; assim como um casal com duas crianças e um rendimento inferior a 1.327 euros.
O relatório deste ano mostra ainda que o risco de pobreza “é mais elevado entre os estrangeiros (25 por cento em 2023)”. “O limiar de pobreza estabelecido pelo Eurostat é igual a 60 por cento da mediana do rendimento disponível por adulto equivalente”, frisa o relatório, que esclarece que um nível de baixa escolaridade e uma situação de desemprego aumentam o risco de pobreza.
No ano passado destacou-se ainda o aumento do risco de pobreza entre os idosos, que se agravou em quatro pontos percentuais, para 21,1 por cento: um em cada cinco idosos está em risco de pobreza.
Este risco aumentou também quatro pontos percentuais entre os reformados ou com reforma antecipada, para 19,6 por cento.
O relatório procura ser um contributo para uma reflexão aprofundada sobre, foi apresentado esta quarta-feira em Lisboa e começa por contextualizar a posição de Portugal, salientando que, em 2023, o país “estava abaixo da média da União Europeia nos principais indicadores de pobreza, exceto na taxa de risco de pobreza”.
Pobreza extrema mais severa
Os investigadores da Nova SBE estimam que, em 2023, seriam necessários 3,5 mil milhões de euros para retirar todas as famílias da pobreza, ou seja, dois por cento do PIB gerado nesse ano.
O relatório revela, contudo, que dentro dos parâmetros de pobreza não têm todos o mesmo peso: cerca de dois terços, em 2023, estavam em pobreza extrema. Segundo a investigação, “a situA taxa de severidade da pobreza aumentou 0,3 pontos percentuais face a 2022.
ação dos mais pobres de entre os pobres piorou ligeiramente”.
Segundo o relatório, Portugal tem quase 1,8 milhões de pobres. Entre os mais vulneráveis estão os imigrantes, os idosos, as pessoas com menos escolaridade e as que vivem em zonas rurais.
Segundo o relatório, Portugal tem quase 1,8 milhões de pobres. Entre os mais vulneráveis estão os imigrantes, os idosos, as pessoas com menos escolaridade e as que vivem em zonas rurais.
Além disso, as famílias monoparentais e as famílias numerosas são as mais afetadas pela pobreza, “com taxas de pobreza de 31 por cento entre as primeiras e de 28,2 por cento entre as segundas”.
A população considerada mais pobre sofre de maior privação habitacional em todas as dimensões e quatro em cada dez pessoas em risco de pobreza vivem em habitações com telhado, paredes, janelas e chão permeáveis a água ou apodrecidos. Apesar de “a vasta maioria da população" não ter sido "forçada a dormir fora da sua habitação, 3,6 por cento das pessoas não pobres e 4,9 por cento das pessoas pobres sofreram com essa situação".
“Entre os pobres, 1,1 por cento, ou 15 mil pessoas, afirmam já ter tido que dormir na rua, ou num espaço público, por carências habitacionais”, refere ainda o relatório.
Há também diferenças regionais. O relatório da Nova SBE mostra que a prevalência de pobreza é maior nas Regiões Autónomas, onde é também maior a privação material e social e os valores de desigualdade.
“A taxa de pobreza está quase oito pontos percentuais acima da média nacional nos Açores, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e quase três pontos percentuais acima da média nacional na Madeira e na Península de Setúbal”, lê-se no relatório, ressalvando, no entanto, que a taxa de pobreza nas Regiões Autónomas diminuiu entre 2023 e 2024.
Esta desigualdade aumentou entre 2022 e 2023, sendo os Açores a região com maior desigualdade, seguida da Madeira e da Área Metropolitana de Lisboa, que “foi também a região em que a desigualdade mais aumentou face a 2022”.
“Entre os pobres, 1,1 por cento, ou 15 mil pessoas, afirmam já ter tido que dormir na rua, ou num espaço público, por carências habitacionais”, refere ainda o relatório.
Há também diferenças regionais. O relatório da Nova SBE mostra que a prevalência de pobreza é maior nas Regiões Autónomas, onde é também maior a privação material e social e os valores de desigualdade.
“A taxa de pobreza está quase oito pontos percentuais acima da média nacional nos Açores, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e quase três pontos percentuais acima da média nacional na Madeira e na Península de Setúbal”, lê-se no relatório, ressalvando, no entanto, que a taxa de pobreza nas Regiões Autónomas diminuiu entre 2023 e 2024.
Esta desigualdade aumentou entre 2022 e 2023, sendo os Açores a região com maior desigualdade, seguida da Madeira e da Área Metropolitana de Lisboa, que “foi também a região em que a desigualdade mais aumentou face a 2022”.
Por exemplo, quem ganhar até 745 euros na zona da Grande Lisboa fica abaixo do limiar da pobreza, mas se viver Açores e tiver um salário mensal líquido de 565 euros, escapa ao limiar da pobreza.
Isto acontece devido a fatores como o custo de vida. Apesar de na Grande Lisboa as pessoas até possam ganhar salários acima da média, o custo de vida também é acima da média em aspetos, por exemplo, como a habitação.
Isto acontece devido a fatores como o custo de vida. Apesar de na Grande Lisboa as pessoas até possam ganhar salários acima da média, o custo de vida também é acima da média em aspetos, por exemplo, como a habitação.
Quanto às desigualdade de rendimento, 25 por cento dos mais ricos detêm 48 por cento do rendimento total do país, enquanto que dos 25 por cento mais pobres apenas 10,2 por cento, “valores próximos dos de 2022”.