Portugal inicia exportação de mudas de oliveira para o Brasil
Portugal já exporta mudas de oliveiras para o Brasil, nomeadamente para o Estado do Rio Grande do Sul, na sequência de um programa de cooperação entre os dois países, disse à agência Lusa um responsável pelo processo.
Joaquim Firmino, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio do Rio Grande do Sul, avançou que as primeiras 500 mudas foram vendidas por produtores de Santarém à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
As mudas serão utilizadas nas investigações actualmente em curso pela instituição governamental com o objectivo de identificar a melhor espécie que se adapta ao clima brasileiro para o futuro cultivo por produtores do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina e o Uruguai.
O início da exportação de mudas de oliveiras é resultado de um programa de cooperação assinado há cerca de dois anos entre a Embrapa e o Instituto Superior de Agronomia (ISA) de Lisboa, que inclui igualmente a transferência de tecnologia.
Nos próximos meses, outras 20.000 mudas portuguesas serão exportadas para a unidade da Embrapa da cidade de Pelotas, no interior do Estado, onde já estão a ser investigadas espécies importadas de Espanha, Itália, Grécia e Turquia.
"Trata-se da abertura de uma nova fronteira de cooperação, de investimentos e de comércio entre Brasil e Portugal", disse Joaquim Firmino, que está em Lisboa integrando uma missão empresarial brasileira, o II Encontro de Negócios Brasil - Portugal 2007.
"As mudas portuguesas de oliveira, segundo as primeiras avaliações, são as que têm melhores condições de adaptação no Rio Grande do Sul por causa da similaridade com o clima de Portugal", acrescentou o responsável.
Actualmente, o Brasil importa quase todo azeite que consome, tendo Portugal como o seu principal fornecedor, com uma quota de praticamente metade do mercado brasileiro do produto.
O azeite é um dos principais produtos portugueses exportados para o Brasil, num total de 48 milhões de euros, prevendo-se que este ano registe um aumento de 25 por cento em relação a 2006, ou seja, cerca de 16.000 toneladas.
Joaquim Firmino não acredita, entretanto, na possibilidade de que o início da produção brasileira de azeites possa vir a comprometer futuramente as exportações portuguesas do produto.
"O mercado consumidor brasileiro de azeite cresce num ritmo muito grande, o que significa que o Rio Grande do Sul nunca será concorrente para Portugal porque haverá sempre espaço para as importações do produto", disse.
O programa de investigação da Embrapa para a identificação das melhoras mudas deverá levar cerca de dois anos, no final dos quais os produtores interessados em cultivar oliveiras terão financiamento por parte do BNDES, o banco brasileiro de desenvolvimento.
António Firmino salientou ainda que o início do cultivo de oliveiras no Brasil abrirá um importante mercado para fabricantes portugueses de máquinas e equipamentos do sector, utilizadas no fabrico de azeite e de azeitonas em conserva.
"Já estamos à procura de empresários portugueses interessados em exportar esses produtos para o Brasil, uma vez que nosso objectivo é contribuir para aumentar as exportações de Portugal", disse.
"Queremos também identificar produtores portugueses de mudas de oliveiras interessados em investir directamente no Brasil ou através de parcerias com investidores locais", afirmou.
Na próxima semana, decorrerá na cidade de Pelotas o primeiro encontro internacional de especialistas do sector, com a participação de representantes de Portugal, Espanha, Itália, Estados Unidos, Chile, Argentina e Uruguai.
Actualmente, a marca de azeite português Gallo é a mais vendida no Brasil, com vendas superiores à concorrente directa, a espanhola Carbonell.
Depois de Portugal, os principais fornecedores de azeite para o mercado brasileiro são Espanha, Argentina e Itália.
A missão empresarial brasileira participou hoje de rondas de negócios com empresários portugueses, no Forum Missão Exportar 2007, que está a ser promovido pela Associação Industrial Portuguesa (AIP), em Lisboa.