PR de Moçambique diz que solução para a dívida é aumentar produção e exportações

por Lusa

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, defendeu hoje que a melhor forma de combater a dívida pública é a disciplina financeira, o aumento da produção e das exportações e incentivos ao setor privado.

Questionado sobre como Moçambique enfrenta o desafio da dívida pública durante um debate nos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Nyusi lembrou que a dívida é apenas um dos desafios do seu país, além de ser um desafio comum a toda a África.

O chefe de Estado moçambicano recordou outros desafios, como o ciclone Idai, o maior registado em toda a África, a covid-19, que "retardou o desenvolvimento" e o terrorismo, que "está a destruir uma parte do país", além da transição energética.

Sobre a dívida, lembrou que "a melhor forma de combater a dívida é não contrair muitas dívidas" e, quando for necessário, contraí-las de forma racional.

"Um país não contrai muitas dívidas quando aumenta a produção, quando aumenta as exportações e importa menos. Não contrai dívidas quando tem disciplina financeira, maior transparência", exemplificou.

Sublinhando que Moçambique "embarcou nessa batalha", Nyusi explicou: "Vivemos durante algum tempo à nossa custa e a solução foi sempre mais produção, sobretudo nas áreas tradicionais", como a agricultura e as pescas, mas também nos transportes, qualificando as infraestruturas, como estradas, linhas férreas e portos.

"Isso faz com que o país tenha mais receitas e reduza a dívida. Disciplina financeira, mais produção e incentivos às áreas produtivas - o setor privado. Estes investimentos por si só vão ajudar a que não se contraia muitas dívidas", frisou.

Questionado no mesmo evento sobre a posição do BAD de que a transição energética em África não pode excluir o gás natural, o Presidente moçambicano disse que "a posição do BAD sumariza o sentimento dos seus membros", entre os quais está Moçambique.

Disse que o mundo deveria dar uma oportunidade a África, porque este "é o momento em que África consegue descobrir os seus recursos".

"Em Moçambique temos carvão - muito carvão e de qualidade, temos o gás que se diz que vai ser em quantidades enormes, mas também temos o solo, temos os ventos e o mar, para além dos rios -- das 15 bacias da África Austral, nove desaguam através de Moçambique. Tem de ser dada oportunidade a África para emergir, porque se não dermos oportunidade quando os outros já tiveram, estaremos a bloquear o desenvolvimento".

O Presidente moçambicano defendeu ainda que "não é o gás que está em causa na totalidade": "Quem é que está a poluir o mundo? O meu país nem sequer 2% da poluição faz, mas é vítima dos que poluem".

Filipe Nyusi está atualmente numa visita de Estado ao Gana, que coincidiu com os encontros anuais do BAD, a decorrer em Acra até sexta-feira.

O Presidente moçambicano participou hoje na cerimónia de abertura dos encontros e foi um dos oradores do debate que se seguiu, no qual participaram também o Presidente do Gana, Nana Addo Dankwa Akufo-Addo, a Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, o vice-presidente da Costa do Marfim, Tiémoko Meyliet Kone, o primeiro-ministro do Ruanda, Édouard Ngirente, por videoconferência, e o presidente das Comores, Azali Assoumani.

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