Preço da habitação em Espanha indicia fim do <i>boom</i> imobiliário

O preço da habitação em Espanha subiu no segundo trimestre deste ano 5,8 por cento, no que segundo analistas indicia o fim do "boom" imobiliário dos últimos nove anos, que fez o preço de um andar quase triplicar.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

Dados divulgados pelo Ministério da Habitação, confirmam a "desaceleração paulatina do crescimento dos preços", o que para o governo "dá esperanças aos milhares de jovens e cidadãos que verão melhorias no acesso à habitação".

Apesar do menor crescimento, o aumento é ainda assim mais de três pontos acima do valor da inflação, o que pode não se traduzir, pelo menos num cenário a curto-prazo, em melhorias evidentes na capacidade dos espanhóis comprarem casa.

Note-se que nos últimos 10 anos, o preço médio por metro quadrado da habitação em Espanha passou de 702,8 euros (em 1997) para 2.054 euros no segundo trimestre deste ano.

Uma casa de 70 metros quadrados custa em média, mais de 143 mil euros, um valor bastante acima da capacidade de muitos sectores da sociedade espanhola, especialmente a geração mais jovem.

Nas grandes cidades os preços são ainda mais elevados, atingindo os três, os quatro ou os 5.000 euros por metro quadrado em San Sebastian, Madrid e Barcelona.

Relatórios da OCDE estimam que em Espanha os preços da habitação estão sobrevalorizados entre 24 e 32 por cento, tendo crescido 130 por cento, de forma acumulada, na última década.

O problema é agravado pela intensa especulação imobiliária, por sucessivos casos de corrupção entre empresários e autarquias e pelo branqueamento de capitais que encontram no imobiliário um dos seus melhores canais.

Em muitos casos nasceram mesmo organizações de "okupas" - pessoas que ocupam casas abandonadas em protesto pelo elevado custo da habitação em Espanha.

Rafael Pacheco, director-geral de Arquitectura e Política de Habitação do governo espanhol, sublinha que apesar dos sinais de desaceleração, estão para já afastadas as "perspectivas de alterações buscas" que podiam "por em perigo a economia nacional, mais além dos ajustes necessários.

Madrid tem como objectivo acentuar estes desaceleração, fazendo os aumentos dos preços da habitação coincidir com a inflação, actualmente em cerca de 2,4 por cento.

Pacheco defende a acção do executivo nesta matéria, notando que em 2004, quando os socialistas chegaram ao poder, os aumentos de preços atingiam os 18 por cento, tendo esse crescimento caído 70 por cento.

Dados divulgados hoje indicam que o parque habitacional em Espanha, no final do ano passado, era de 23,9 milhões de imóveis, mais 2,8 por cento que um ano antes.

A habitação "protegida" - de cariz social - custa em média 1.035,8 euros por metro quadrado.

A nível dos terrenos o preço médio cresceu 5,6 por cento no último ano, para 271,8 euros por metro quadrado, enquanto nos municípios com mais de 50 mil habitantes o preço caiu 0,4 por cento para 654,9 euros por metro quadrado.


PUB