Presidente da Comissão Africana quer mais transparência no acesso ao capital
O presidente da Comissão da União Africana (UA) pediu hoje, em Luanda, mais transparência no acesso ao capital, frisando que os custos para os empreendedores africanos não são os mesmos que para os outros.
Mahmoud Ali Youssouf, que intervinha na abertura do encontro empresarial AU-EU Business Fórum 2025 (nas siglas e designação em inglês), que decorre na capital angolana no quadro da 7.ª cimeira União Europeia-União Africana, frisou que cada vez mais países africanos melhoram o seu ecossistema de investimentos e "preparam terreno para atingir mais capital europeu".
Segundo Mahmoud Ali Youssouf, não há razões económicas válidas "para uma situação assim", em que o aceso a capital tem mais custos para os africanos.
As instituições de Bretton Woods (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio), concedem mais empréstimos, assistência financeira e ajudas na promoção do livre comércio á Argentina "do que todos os Estados africanos. Isso não é normal", disse, lamentando igualmente a questão desvantajosa da sustentabilidade da dívida para os países africanos.
"A sustentabilidade da dívida é uma questão essencial para o futuro das economias africanas", acrescentou.
Na sua intervenção, Mahmoud Ali Youssouf abordou também desafios que o continente ainda enfrenta, destacando o digital, que poderia "ser uma oportunidade de transformação para a economia africana", pedindo mais investimentos nesta área.
"Precisamos de mais investimentos em inovação, tecnologia, inteligência artificial, em termos mais amplos, na economia digital. Só para dar um exemplo, a China e os Estados Unidos estão a investir milhares de milhões de dólares em desenvolvimento da inteligência artificial. Nós não temos esse dinheiro no continente", disse.
O responsável defendeu apoio para o desenvolvimento mútuo e benefício de todos, garantindo que "não há dúvidas de que o continente africano será o poder do crescimento global nas próximas décadas".
"Para esse propósito, precisamos investir juntos nesses setores de adição de alta valorização", disse o presidente da Comissão Africana.
Por sua vez, o ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola disse que, durante dois dias, europeus e africanos vão continuar a dialogar para avançarem na implementação da visão conjunta 2030, que resume o compromisso de construção de uma parceria estratégica assente na solidariedade, segurança, paz, desenvolvimento económico sustentável e prosperidade para a presente e futuras gerações dos dois continentes.
José de Lima Massano frisou que os líderes dos dois continentes vão dialogar para ligar capital à oportunidade, ideias à inovação, e ambição á implementação, particularmente nos setores da energia, infraestruturas saúde e educação, corredores digitais, todos vitais para o bem-estar das populações, que serão aprofundadas durante este encontro.
"África é hoje um continente em transformação real, mas apesar dos avanços, continua a enfrentar um défice significativo no domínio das infraestruturas, permanece entre os principais entraves ao crescimento económico, à redução das desigualdades regionais e o comércio intra-africano", referiu.
O governante angolano saudou por isso iniciativas como a Global Gateway, "por assumirem compromissos firmes com a mobilização de recursos para investimentos em infraestruturas (...) como é o caso do Corredor do Lobito, um eixo regional conectando a Zâmbia, República Democrática do Congo e Angola, com potencial para movimentar mais de 20 milhões de toneladas de carga por ano".
"Sabemos que são ainda muitos desafios, mas também as oportunidades, pelo que é importante o engajamento direto da comunidade empresarial e financial europeia e africana, em parcerias mutuamente vantajosas" disse.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica de angolano disse que Angola está a escrever a sua narrativa económica, transcrevendo para uma economia mais diversificada e integrada regional e internacionalmente, reafirmando o interesse do país lusófono na cooperação internacional, investimento conjunto e diálogo construtivo.