Economia
Presidente da dona do Montepio nega risco de "falência" e critica afirmação "alarmista"
A Associação Mutualista Montepio Geral garante que não há risco de falência da instituição. Na sequência dos dados divulgados pelo Público, Tomás Correia desmente o risco e garante que a instituição tem recursos para fazer face às responsabilidades. A afirmação de "uma espécie de falência", assegura Correia, "não corresponde à realidade”, é “alarmista” e “não ajuda os associados e as associadas”.
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral garantiu esta terça-feira que não há risco de falência da entidade e que tem atualmente recursos para fazer face às responsabilidades perante os seus associados.
Numa conferência de imprensa que decorreu na sede da Associação Mutualista, depois das revelações feitas nos últimos dias pela imprensa, Tomás Correia considerou “chocante” a afirmação “de uma espécie de falência” relativamente à instituição.
"Estamos perante uma afirmação que não corresponde à realidade e é bom que afirmemos isso com veemência. É alarmista, não ajuda o movimento mutualista, o setor financeiro português, não ajuda os portugueses e as portuguesas e não ajuda os associados e as associadas", afirmou António Tomás Correia.
O responsável garantiu ainda que a maior associação mutualista de Portugal tinha recursos para fazer face às responsabilidades perante os seus mais de 600 mil associados.
"O nosso balanço que rondará os 3.800 milhões de euros corresponde a responsabilidades hoje calculadas ao final da manhã de 3.100 milhões de euros perante associados", explicou, garantindo ainda que os ativos da Associação Mutualista, como imobiliário, estão registados em balanço "subvalorizados".
Tomás Correia afirmou que estes cálculos "oferecem tranquilidade" e mostram a "gestão conservadora e rigorosa" que tem sido feita na Associação Mutualista.
Avisos da KPMG
A conferência de imprensa da Associação Mutualista surge na sequência dos dados revelados esta terça-feira pelo jornal Público.
Uma auditoria da KPMG a que o diário teve acesso revela que, em 2015, a Associação Mutualista Montepio Geral registou capitais próprios negativos na ordem dos 107 milhões de euros e terá de ser recapitalizada.
O documento, anexo às contas consolidadas, expõe a situação crítica da associação que detém o Montepio Geral, com registo de capitais negativos superiores a 107 milhões de euros nas contas relativas a 2015.
As conclusões da auditoria são debatidas esta tarde durante o Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral, bem como a possível necessidade de uma injeção de fundos, como é sugerido no alerta lançado pela KPMG.
Segundo o jornal Público, a consultora sugere a apresentação de um plano para restabelecer a situação de capital, ou recorrendo a capital por via externa ou através de ativos.
Para colmatar o quadro negativo, o Montepio Geral terá que reforçar a solidez para compensar os riscos identificados pelo Banco de Portugal.
A última edição do Expresso revelava um relatório "arrasador" do banco central, referente a 2016, onde se assumia que o Montepio apresenta "um perfil de risco de nível elevado", não garante "uma gestão sólida" e regista uma "consistente degradação da qualidade da carteira dos clientes".
Na mesma linha, o Jornal de Negócios adianta na edição desta terça-feira que o banco administrado por José Félix Morgado deverá vender o crédito mal parado e reduzir a presença em Angola e Moçambique, de forma a evitar a necessidade de injeção de capital ainda este ano.
O Montepio poderá ainda apostar na venda de imóveis e na transformação da Caixa Económica em sociedade anónima.
Entretanto, o Montepio lançou um comunicado com os resultados de 2016 onde destaca a recuperação do resultado negativo de 393 milhões de euros, em 2015, para um valor positivo de 7,4 milhões de euros em 2016.
Não "ceder à chantagem"
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral disse ainda que não vai "ceder a chantagem" e recusou pôr o seu lugar à disposição, perante notícias de que é arguido em vários processos judiciais.
"Não podemos ceder ao facilitismo de quem utiliza determinados expedientes para determinados fins", disse António Tomás Correia em conferência de imprensa.
O líder da maior associação mutualista de Portugal disse que a figura do arguido é hoje "maltratada" quando o que serve é para "proteger" a pessoa em causa e considerou que os processos judiciais em causa acabarão arquivados.
Segundo o Público, Tomás Correia é arguido num processo que visa um negócio imobiliário em Coimbra, e o semanário Expresso noticiou que é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de euros do construtor José Guilherme, também relacionados com um negócio imobiliário.
O responsável máximo da Associação Mutualista Montepio é ainda citado num processo do Banco de Portugal por não ter introduzido atempadamente no banco Montepio controlo de movimentos financeiros que poderão ser ilícitos.
A organização do Montepio
A Associação Mutualista Montepio Geral é o topo do Grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve atividade bancária.
Em 2015 teve prejuízos de 393,1 milhões de euros, justificados com imparidades que teve de constituir para fazer face a eventuais perdas com a participação na Caixa Económica Montepio Geral e no Montepio Seguros, onde se inclui a Lusitânia.
Quanto à Caixa Económica, teve um prejuízo de 67,5 milhões de euros até setembro de 2016.
Apenas no terceiro trimestre, entre julho e setembro de 2016, a instituição apresentou um lucro de 144 mil euros, tendo o Expresso divulgado que esse resultado foi conseguido em grande parte com uma operação financeira que posteriormente foi anulada.
A Associação Mutualista Montepio Geral é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no verão de 2015, quando o Banco de Portugal forçou a separação da gestão.
O banco é desde então presidido por Félix Morgado. Sabe-se que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.
c/ Lusa
Numa conferência de imprensa que decorreu na sede da Associação Mutualista, depois das revelações feitas nos últimos dias pela imprensa, Tomás Correia considerou “chocante” a afirmação “de uma espécie de falência” relativamente à instituição.
"Estamos perante uma afirmação que não corresponde à realidade e é bom que afirmemos isso com veemência. É alarmista, não ajuda o movimento mutualista, o setor financeiro português, não ajuda os portugueses e as portuguesas e não ajuda os associados e as associadas", afirmou António Tomás Correia.
O responsável garantiu ainda que a maior associação mutualista de Portugal tinha recursos para fazer face às responsabilidades perante os seus mais de 600 mil associados.
"O nosso balanço que rondará os 3.800 milhões de euros corresponde a responsabilidades hoje calculadas ao final da manhã de 3.100 milhões de euros perante associados", explicou, garantindo ainda que os ativos da Associação Mutualista, como imobiliário, estão registados em balanço "subvalorizados".
Tomás Correia afirmou que estes cálculos "oferecem tranquilidade" e mostram a "gestão conservadora e rigorosa" que tem sido feita na Associação Mutualista.
Avisos da KPMG
A conferência de imprensa da Associação Mutualista surge na sequência dos dados revelados esta terça-feira pelo jornal Público.
Uma auditoria da KPMG a que o diário teve acesso revela que, em 2015, a Associação Mutualista Montepio Geral registou capitais próprios negativos na ordem dos 107 milhões de euros e terá de ser recapitalizada.
O documento, anexo às contas consolidadas, expõe a situação crítica da associação que detém o Montepio Geral, com registo de capitais negativos superiores a 107 milhões de euros nas contas relativas a 2015.
As conclusões da auditoria são debatidas esta tarde durante o Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral, bem como a possível necessidade de uma injeção de fundos, como é sugerido no alerta lançado pela KPMG.
Segundo o jornal Público, a consultora sugere a apresentação de um plano para restabelecer a situação de capital, ou recorrendo a capital por via externa ou através de ativos.
Para colmatar o quadro negativo, o Montepio Geral terá que reforçar a solidez para compensar os riscos identificados pelo Banco de Portugal.
A última edição do Expresso revelava um relatório "arrasador" do banco central, referente a 2016, onde se assumia que o Montepio apresenta "um perfil de risco de nível elevado", não garante "uma gestão sólida" e regista uma "consistente degradação da qualidade da carteira dos clientes".
Na mesma linha, o Jornal de Negócios adianta na edição desta terça-feira que o banco administrado por José Félix Morgado deverá vender o crédito mal parado e reduzir a presença em Angola e Moçambique, de forma a evitar a necessidade de injeção de capital ainda este ano.
O Montepio poderá ainda apostar na venda de imóveis e na transformação da Caixa Económica em sociedade anónima.
Entretanto, o Montepio lançou um comunicado com os resultados de 2016 onde destaca a recuperação do resultado negativo de 393 milhões de euros, em 2015, para um valor positivo de 7,4 milhões de euros em 2016.
Não "ceder à chantagem"
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral disse ainda que não vai "ceder a chantagem" e recusou pôr o seu lugar à disposição, perante notícias de que é arguido em vários processos judiciais.
"Não podemos ceder ao facilitismo de quem utiliza determinados expedientes para determinados fins", disse António Tomás Correia em conferência de imprensa.
O líder da maior associação mutualista de Portugal disse que a figura do arguido é hoje "maltratada" quando o que serve é para "proteger" a pessoa em causa e considerou que os processos judiciais em causa acabarão arquivados.
Segundo o Público, Tomás Correia é arguido num processo que visa um negócio imobiliário em Coimbra, e o semanário Expresso noticiou que é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de euros do construtor José Guilherme, também relacionados com um negócio imobiliário.
O responsável máximo da Associação Mutualista Montepio é ainda citado num processo do Banco de Portugal por não ter introduzido atempadamente no banco Montepio controlo de movimentos financeiros que poderão ser ilícitos.
A organização do Montepio
A Associação Mutualista Montepio Geral é o topo do Grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve atividade bancária.
Em 2015 teve prejuízos de 393,1 milhões de euros, justificados com imparidades que teve de constituir para fazer face a eventuais perdas com a participação na Caixa Económica Montepio Geral e no Montepio Seguros, onde se inclui a Lusitânia.
Quanto à Caixa Económica, teve um prejuízo de 67,5 milhões de euros até setembro de 2016.
Apenas no terceiro trimestre, entre julho e setembro de 2016, a instituição apresentou um lucro de 144 mil euros, tendo o Expresso divulgado que esse resultado foi conseguido em grande parte com uma operação financeira que posteriormente foi anulada.
A Associação Mutualista Montepio Geral é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no verão de 2015, quando o Banco de Portugal forçou a separação da gestão.
O banco é desde então presidido por Félix Morgado. Sabe-se que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.
c/ Lusa