Presidente do Banco Mundial relativiza a sobrevalorização de 40% da economia chinesa

Pequim, 18 Dez (Lusa) - O Banco Mundial considera que a economia chinesa está sobrestimada em 40 por cento, mas o presidente da instituição relativiza esta informação e diz não ser necessário retirar conclusões, noticia a imprensa chinesa.

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De acordo com jornal estatal China Daily, o presidente do Banco Mundial (BM), Robert Zoellick, relativizou o relatório publicado na segunda-feira que afirma que a economia chinesa é sobrestimada em 40 por cento e assegurou que, em princípio, este facto não vai influenciar a política da instituição face a Pequim.

"Não creio que tenhamos de retirar conclusões específicas relativamente a políticas", disse Zoellick, numa conferência de imprensa no final da sua viagem de quatro dias à China.

"Pretendemos unicamente que os dados ajudem o governo chinês a elaborar o seu próprio plano para o desenvolvimento", apontou.

O estudo divulgado pelo Banco Mundial e por outros parceiros foi o trabalho "mais extensivo e minucioso" já realizado para medir a dimensão relativa de 146 economias com base na Paridade do Poder de Compra (PPC), referiu um comunicado da instituição de Bretton Woods.

Apesar desta análise afirmar que a economia chinesa é 40 por cento menos forte do que a dimensão que outros estudos lhe apontam, a China aparece no segundo lugar da lista, responsável por mais de 9 por cento da produção mundial.

Noutras classificações, a China não chega a ocupar um lugar tão destacado (tendo em conta o seu PIB, a economia chinesa é a quarta maior do mundo, e considerando o seu volume comercial, é a terceira maior).

As análises baseadas na PPC, como este estudo, comparam preços de produtos semelhantes em países diferentes sem contabilizar o efeito das taxas de câmbio.

"A dimensão das economias a nível internacional mede-se através de taxas de câmbio, mas há estatísticas complementares", justificou Zoellick.

O presidente do Banco Mundial acrescentou que a China utilizou preços dos anos 80 como base para as suas estatísticas e que os novos números mostram "um processo de evolução dos dados estatísticos característico dos países em desenvolvimento" e que, no caso chinês, ainda poderiam existir ajustamentos.

Zoellick aproveitou para assinalar que a instituição internacional está a colaborar com a China para melhorar outras análises estatísticas, como as que medem a contaminação no país asiático, um dos maiores poluidores do mundo, ou os estudos sobre energias mais "limpas" (com consumo reduzido de carbono).

Nas suas reuniões com o presidente chinês, Hu Jintao, o primeiro-ministro, Wen Jiabao, e outros líderes chineses, Zoellick mostrou o seu desejo de aumentar a cooperação bilateral com a China e de não limitá-la a projectos de desenvolvimento económico.

O objectivo é estender essa cooperação a outros de carácter mais social, como a reforma do sistema de pensões, da educação e da energia.

"Dada a intenção [de Pequim] de conseguir um desenvolvimento harmonioso, a nossa cooperação está a desviar-se para uma agenda social", assinalou.

Zoellick felicitou a China pela sua entrada, pela primeira vez, na Associação de Desenvolvimento Internacional, que pertence ao banco Mundial e reúne fundos para atribuir créditos de desenvolvimento aos países mais pobres, anunciada na semana passada em Berlim.

O presidente do banco recordou que a China é o quarto país do mundo que consegue passar de país receptor a país concessor destes créditos, uma mudança de estatuto que antes só tinha sido conseguida pela Coreia do Sul, Turquia e Egipto.

De acordo com a análise feita, os Estados Unidos continuam a liderar a lista como a maior economia mundial, responsável por 23 por cento da produção do mundo.

Na terceira posição surge o Japão responsável por 7 por cento da produção mundial.

A China participou nesta análise pela primeira vez, e a Índia participou pela primeira vez desde 1985.

A Índia surge no quinto lugar neste ranking com mais de 4 por cento da produção mundial.

O estudo mostra que as economias com um resultado per capita mais elevado são o Luxemburgo, Quatar, Noruega, Brunei, e Kuwait.

Os índices mais baixos de rendimento per capita são atribuídos à República Democrática do Congo, Libéria, Burundi, Zimbabué, e Guiné-Bissau.

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