Presidente do Brasil promulga lei para privatização da Eletrobras mas vetou alguns pontos

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, promulgou a lei que regulamenta o processo de privatização da estatal Eletrobras, maior empresa de energia elétrica da América Latina, que foi publicada hoje no Oficial Diário da União, mas vetou alguns pontos.

Lusa /

Entre os vetos do executivo à proposta inicial estão o desconto para aquisição de 1% das ações da empresa por funcionários demitidos, a proibição de extinguir algumas subsidiárias e a obrigação do Governo de manter durante um ano os funcionários públicos demitidos.

Na promulgação, Bolsonaro deixou os reparos de que reservar 1% das ações com desconto para ex-funcionários "poderia causar uma distorção no processo de preço dos novos papéis", enquanto a obrigação de manter subsidiárias "limita a gestão das subsidiárias pela nova empresa e tira a sua flexibilidade".

Sobre o aproveitamento de funcionários demitidos por um ano, conforme propõe o texto aprovado pelo Congresso, o Presidente indicou que a medida "viola o princípio da concorrência pública".

A Eletrobras poderá investir até 14 mil milhões de reais (cerca de 2,3 mil milhões de euros) por ano quando for privatizada, disse o ministro de Minas e Energia brasileiro, Bento Albuquerque, a jornalistas estrangeiros na semana passada.

A capitalização será possível graças ao facto de o Congresso ter aprovado em junho passado o modelo de privatização da estatal, que será a maior da história do país por render ao Estado cerca de 100 mil milhões de reais (cerca de 16,3 mil milhões de euros).

O modelo aprovado prevê a capitalização da empresa sem a participação do Estado e a consequente alienação das ações que permanecem nas mãos do setor público.

O Estado brasileiro detém atualmente 60% das ações da Eletrobras, a maior geradora e transmissora de energia elétrica do país, percentagem que será reduzida para cerca de 45% após a capitalização, pelo qual a empresa fará uma oferta pública de ações na Bolsa de Valores brasileira (BM&F BOVESPA) em que o Governo se absterá de participar.

Apesar da venda do controlo, o processo garante ao Estado brasileiro uma ação especial da empresa chamada "golden share", que lhe dará poder de veto nas decisões estratégicas da Eletrobras.

Segundo projeções do Governo brasileiro, a primeira etapa do processo de privatização, ou seja, a capitalização da empresa, poderá ser concluída em fevereiro de 2022.

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