Procuradoria envia resultados de auditoria ao BES para o DCIAP

A Procuradoria-Geral da República confirmou esta quinta-feira ter já recebido os dados da auditoria forense ao Banco Espírito Santo, processo desencadeado pelo Banco de Portugal. Os resultados da Delloite seguiram para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Ricardo Salgado reage a pedir “igualdade de armas”.

RTP /
A auditoria forense pedido pelo Banco de Portugal identificou três dezenas de potenciais infrações por parte da gestão de Ricardo Salgado Rafael Marchante, Reuters

“O Ministério Público tem recebido das entidades reguladoras documentação e informações várias que são objeto de análise com vista à adoção, no âmbito das suas competências, dos procedimentos legalmente previstos”, indica o gabinete de Joana Marques Vidal numa nota de resposta a questões colocadas pela agência Lusa.

“Todos os casos em que existe queixa ou indiciação de factos suscetíveis de integrar crimes são objeto de investigação. Os inquéritos respeitantes ao universo Espírito Santo encontram-se em Segredo de Justiça”, prossegue a Procuradoria-Geral da República.
Reportagem de Magda Rocha e José Luís Carvalho, RTP

Na primeira parcela da auditoria forense comissionada pelo Banco de Portugal à consultora Delloite conclui-se que a administração do BES encabeçada por Ricardo Salgado desobedeceu ao Banco de Portugal por 21 vezes, de dezembro de 2013 a julho de 2014. E que praticou atos de gestão ruinosa com dolo.A Procuradoria-Geral da República sublinha que a equipa incumbida dos processos relativos ao clã Espírito Santo trabalha “em estreita colaboração” com o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de valores Mobiliários.


Outra das conclusões aponta para a concessão de “financiamentos em violação das regras”. Os dados constam do sumário executivo remetido pelo Banco de Portugal à comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco e do Grupo Espírito Santo.

Os primeiros resultados da auditoria foram noticiados na noite de quarta-feira pela edição online do Jornal de Negócios e estão esta quinta-feira em destaque na primeira página do jornal i.

Ao todo, adiantou o Negócios, foram identificadas três dezenas de potenciais infrações “apenas num dos cinco blocos que compõem a auditoria forense”.
“Igualdade de armas”
Conhecidos os primeiros dados da auditoria, Ricardo Salgado fez difundir um comunicado a pedir “um efetivo direito ao contraditório”, assim como “uma defesa com a mínima igualdade de armas”.

No mesmo texto, também citado pela Lusa, o antigo CEO do BES afiança que manterá “o comportamento de não interferir ou condicionar o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito ou quaisquer procedimentos de averiguação que estejam em curso”.

Salgado diz-se ainda convencido de que, uma vez dotado de “igualdade de armas”, será possível chegar à “descoberta da verdade sobre as razões que levaram ao desaparecimento do BES, não baseadas em pré-juízos ou conclusões pré-determinadas”.
PUB