Produção industrial em Moçambique espera crescimento de 5,4% em 2026

O Governo moçambicano prevê um crescimento de 5,4% na produção industrial em 2026, para 153.950 milhões de meticais (2.072 milhões de euros), impulsionado pelo setor metalúrgico, segundo dados oficiais compilados hoje pela Lusa.

Lusa /

"A indústria transformadora deverá crescer 5,4% entre 2025 e 2026, com um dinamismo particularmente acentuado nos setores de minerais não metálicos, com 7,0%, metalurgia de base, com 6,8%, bebidas, com 6,2%, mobiliário e colchões, com 5,5% e indústria alimentar com 5%, sugerindo uma trajetória de recuperação e expansão industrial centrada em ramos de elevado peso económico e de base produtiva consolidada", lê-se no relatório de previsões do Governo.

De acordo com os documentos de suporte à proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) 2026, em análise na Assembleia da República, trata-se de um crescimento que compara com a estimativa de 146.045 milhões de meticais (1.966 milhões de euros) a garantir pela indústria transformadora moçambicana este ano e 144.029 milhões de meticais (1.938 milhões de euros) realizados em 2024.

"Em contraste, segmentos como o vestuário, têxteis, tabaco, calçado e papel apresentam crescimentos inferiores a 5%, dada a reduzida inserção em cadeias de valor mais amplas. Dado o seu potencial, estes setores poderão beneficiar de medidas orientadas à revitalização, modernização tecnológica e reforço da competitividade, de modo a potenciar o seu contributo para a diversificação industrial e emprego", refere ainda o documento.

As previsões do crescimento global da produção industrial são suportadas num crescimento de 6,8% no setor da metalurgia de base, que garante 28% do total, com uma previsão de garantir 44.262 milhões de meticais (600,6 milhões de euros) em 2026, contra 41.443 milhões de meticais (562,4 milhões de euros) este ano e os 40.831 milhões de meticais (554,1 milhões de euros) realizados em 2024.

Contudo, este setor depende essencialmente da continuidade da Mozal, uma fundição de alumínio e a maior indústria do país, cuja administração da australiana South32 pretende encerrar a partir de março próximo num diferendo com o Governo moçambicano sobre as condições de fornecimento de energia.

"Apesar dos nossos esforços, as negociações não progrediram de forma a gerar confiança de que a Mozal Aluminium garantirá o fornecimento de eletricidade suficiente e acessível para além de março de 2026", lê-se numa informação enviada em 21 de outubro aos mercados pela South32, que detém a unidade, acrescentando que "sem o fornecimento de eletricidade necessário", prevê a sua colocação em regime de manutenção após aquela data.

A empresa australiana assegura no documento, a que a Lusa teve acesso, que continua "a colaborar ativamente" com o Governo moçambicano, com a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) e com a sul-africana Eskom - que compra a eletricidade da HCB e a vende à Mozal -, "para garantir eletricidade suficiente e acessível" para a fundição, a maior em África e que emprega cerca de 5.000 trabalhadores nos arredores de Maputo.

Na mesma informação aos mercados é referido que a produção vendável da Mozal aumentou 3%, para 93 mil toneladas, no terceiro trimestre de 2025, face ao anterior, "com a fundição operando próximo de sua capacidade técnica máxima", antes da decisão de agosto, "de interromper o revestimento da cuba devido à incerteza do fornecimento futuro de eletricidade" após março próximo.

A projeção de produção para o ano fiscal de 2026 permanece inalterada em 240 mil toneladas, "com base na continuidade das operações até março de 2026, quando o atual contrato de fornecimento de eletricidade expira", aponta ainda.

A Mozal anunciou em agosto que pretende cortar no investimento e dispensar empreiteiros contratados, mantendo apenas a operação até março, alegando não ter condições de continuidade. Pouco dias depois, a Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique revelou que a Mozal rescindiu contratos, de forma "súbita", com cerca de 20 empresas, deixando pelo menos mil desempregados.

 

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