PSI com "performance excecional" supera índices globais em 2025 - XTB
A bolsa portuguesa valorizou 27,4% em 2025, superando índices de referência como o norte-americano S&P 500 e o alemão DAX, destacando-se o desempenho do BCP, Mota-Engil e Jerónimo Martins, segundo uma análise da X
No seu "Outlook de Mercado para 2026", onde analisa as perspetivas macroeconómicas e principais classes de ativos para 2026, a XTB salienta a "performance excecional do índice português (PSI) num contexto europeu de estagnação" e aponta para "uma normalização da política monetária nos EUA, suportada por uma economia resiliente".
Segundo refere, "ao contrário da tendência mais moderada de outros mercados na zona euro", a bolsa portuguesa registou uma valorização de cerca de 27,4% (incluindo dividendos) em 2025, superando índices de referência como o S&P 500 (EUA) ou o DAX (Alemanha) e sendo superada apenas pelo espanhol IBEX35.
A análise da XTB destaca três protagonistas na bolsa portuguesa: Millennium BCP, Mota-Engil e Jerónimo Martins.
Relativamente ao BCP, salienta que registou "uma redução drástica da dívida líquida" (de 4.700 milhões de euros para 300 milhões) e um aumento do lucro líquido na ordem dos 20%, beneficiando de um cenário de taxas de juro normalizadas.
Já a Mota-Engil apresentou um EBITDA [resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações] recorde, com uma subida de 17,5%, apesar de o rácio da dívida líquida/capital próprio exigir "monitorização rigorosa num ambiente de taxas variáveis".
Quanto à Jerónimo Martins, "apesar da pressão concorrencial na Polónia, atingiu margens operacionais de 4,1%, o valor mais alto dos últimos sete trimestres", refere a XTB.
A consultora dá ainda conta do "receio notável" dos mercados face a um "potencial `rebentar da bolha` do setor tecnológico, em particular das soluções baseadas em inteligência artificial", mas na análise hoje divulgada "afasta um cenário de repetição da bolha das `dot-com` de 2000".
"Ao contrário do que aconteceu nessa altura, em que as avaliações eram especulativas, as empresas tecnológicas geram, atualmente, fluxos de caixa reais e lucros que acompanham o preço das ações", justifica.
No setor tecnológico, destaca a Nvidia, cujos lucros cresceram "a um ritmo que manteve os múltiplos de avaliação estáveis, apesar da valorização bolsista".
Já ao nível das matérias-primas, 2025 é descrito como um ano de "mudança histórica nas reservas globais", com o ouro a ultrapassar o euro e a representar cerca de 20% das reservas dos bancos centrais.
"Esta tendência contribuiu para o crescimento notável do valor do ouro durante o ano, que atingiu vários recordes, tendo mesmo ultrapassado a barreira dos 5.000 dólares por onça", enfatiza.
Com a desvalorização do dólar americano e com um "euro otimista, mas com um crescimento cauteloso", a XTB prevê que o valor do ouro "mantenha a tendência de alcançar novos máximos".
Já o petróleo atravessa um período inverso, devido ao excesso de oferta estrutural (uma vez que a OPEP+ deverá restabelecer a produção total) que a consultora acredita poder "mesmo empurrar o preço do barril até aos 50 dólares em 2026, ou até um valor inferior a essa barreira".
A XTB admite, contudo, que este cenário não se concretize no caso de um potencial agravamento das tensões geopolíticas ou da aplicação de novas sanções económicas contra a Rússia. Neste caso, o preço do petróleo poderá disparar novamente, podendo atingir os 80 dólares por barril, antecipa.
Para 2026, a consultora prevê uma "aterragem suave" da economia dos EUA, com a Reserva Federal (Fed) a manter a política de cortes nas taxas de juro caso se confirme a estabilização da inflação.
Segundo salienta, "este alívio nos custos de financiamento será crucial para as empresas de menor dimensão (`small caps`), que historicamente dependem de mais crédito bancário para financiar a sua atividade, quando comparado com as grandes tecnológicas".
Para as criptomoedas, a XTB antecipa que a `Ethereum` pode vir a ultrapassar a `Bitcoin` em capitalização de mercado total, salientando que aquela moeda "tem assumido uma posição dominante na utilidade da `blockchain`, o que tem despertado a atenção dos investidores".
A "tendência acelerada de `tokenização`, apoiada por grandes instituições de Wall Street, e a Lei de Clareza do Mercado de Ativos Digitais nos EUA contribuem para estabelecer uma base sólida para um ciclo de alta da `Ethereum` a longo prazo".
Neste contexto, a consultora considera que a `Ethereum` pode tornar-se no "verdadeiro motor de crescimento da economia `blockchain`" em 2026.