Qimonda Portugal apura efeitos de falência de casa-mãe

por RTP
Na unidade de Vila do Conde trabalham 1.700 pessoas João Abreu Miranda, Lusa

A administração da Qimonda Portugal afirma que “ainda não é possível determinar as consequências” que advêm para a unidade de Vila do Conde do pedido de falência apresentado pela empresa na Alemanha.

“Neste momento estão a ser avaliadas as implicações da decisão tomada na Alemanha e o seu impacto na unidade de Vila do Conde”, refere, em comunicado, a Qimonda Portugal.

A casa-mãe, que hoje apresentou pedido de falência num tribunal de Munique, é o fornecedor de matéria-prima e único cliente da fábrica portuguesa. “Perante a complexidade de toda esta situação, ainda não é possível determinar as consequências do actual cenário para a Qimonda Portugal”, refere ainda o texto.

A administração da fábrica de Vila do Conde esclarece que o pedido de insolvência da Qimonda AG e Qimonda Dresden OHG deve-se ao facto de “não ter sido possível concretizar em tempo útil um conjunto de empréstimos junto de instituições financeiras, que estava a ser negociado na Alemanha”. O montante total dos empréstimos ascendia a 325 milhões de euros.

A multinacional recebeu, no início do ano, empréstimos de milhões de euros pelos Governos alemão e português. A unidade liderada por Armando Tavares manifesta confiança na reorganização da empresa e refere ter sempre contado “com o apoio determinado do Governo português”.

Aos colaboradores, a administração garantia que “estão a ser feitos todos os esforços para proteger os empregos”.

Primeiro-ministro que manter fábrica a trabalhar em Portugal

O Governo português tem mantido contactos com a casa-mãe e com a unidade lusa para “assegurar que a fábrica se mantenha em Portugal em laboração”, disse José Sócrates.

“O Estado português vai fazer tudo para a manutenção da Qimonda em Portugal”, sublinhou o chefe de Governo, que aponta como prioritário “encontrar soluções para manter esta importante unidade para o sector exportador português, para o emprego e para o Norte de Portugal”.

A ausência de acordo entre a fábrica de Vila do Conde e a Qimonda AG deve-se ao facto de a alemã não ter chegado a consenso com o Estado alemão. Como negociadores do lado português estiveram o presidente da AICEP e o secretário da Indústria.

Partidos políticos pedem intervenção do Governo

As forças políticas na Oposição já vieram manifestar a sua preocupação com o aumento do desemprego, consequência em Portugal da falência da empresa alemã, e pedem a rápida intervenção do Executivo liderado por José Sócrates.

“Perante a actual tendência de aumento do desemprego, é preocupante que cada vez mais jovens com profissões qualificadas e licenciados fiquem sem emprego no actual contexto”, comentou o deputado social-democrata, Hugo Velosa.

O deputado popular Hélder Amaral manifestou preocupação com o “efeito de bola de neve, cujas consequências não podem ser boas” . “Perante um cenário desta natureza, o Governo terá que ter um sistema de avaliação eficaz”, acrescentou, para depois pedir uma acção “efectiva” do ministro da Economia.

O deputado do PCP Honório Novo pede “uma intervenção ao mais alto nível” do Governo para a manutenção dos postos de trabalho e estudar o alargamento do subsídio de desemprego.

Honório Novo aponta as “consequências muito penalizadoras para a economia, para os trabalhadores, para as suas famílias e para o desemprego no distrito do Porto” e nota que José Sócrates “há oito dias dizia que aquela empresa era um exemplo de sucesso em Portugal”.

Mais radical é a posição do Bloco de Esquerda, que pede a devolução dos apoios governamentais dos últimos anos. Para Francisco Louçã o fecho da fábrica em Vila do Conde irá colocar o país “perante uma catástrofe económica”.

A Qimonda de Vila do Conde é apontada como o maior exportador português de componentes electrónicos para computadores. A unidade é considerada a maior fábrica europeia de montagem e teste de produtos de memórias destinadas a computadores, leitores mp3 telemóveis, consolas e máquinas fotográficas.
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