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Queda nas vendas leva Dell a despedir 6.650 funcionários

por Inês Moreira Santos - RTP
Andrew Kelly - Reuters

Com a queda nas vendas de computadores e as incertezas da situação económica, há algumas empresas a reduzir custos e de recursos humanos para enfrentar as incertezas do mercado. A tecnológica norte-americana Dell anunciou, esta segunda-feira, que vai despedir cerca de 6.650 funcionários.

“As condições de mercado continuam a deteriorar-se com um futuro incerto”, escreveu aos trabalhadores Jeff Clarke, vice-presidente da empresa.

A Dell anunciou uma “série de decisões”, incluindo “uma pausa na contratação externa, a limitação de viagens e a redução de gastos com serviços externos”, com o objetivo de “enfrentar os desafios da situação económica global e as incertezas do futuro”.

A tecnológica, que se dedica essencialmente à produção e fabrico de computadores e equipamentos informáticos, vai dispensar 6.650 trabalhadores – o que corresponde a cinco por cento dos funcionários. A informação é avançada pela agência Bloomberg, que cita fontes da empresa.
"Infelizmente, (...) alguns membros da nossa equipa vão deixar a empresa".

"Não há decisão mais difícil, mas tivemos que a tomar pela saúde e sucesso a longo prazo [da empresa]. Apoiaremos os afetados durante a transição para as suas próximas oportunidades", declarou Jeff Clarke, numa nota divulgada no site da Dell.

Durante a pandemia da covid-19, a venda de computadores pessoais e de material informático aumentou exponencialmente. Quase três anos depois, as empresas deste setor estão a enfrentar a diminuição da venda destes produtos, tendo a Dell registado uma queda de 37 por cento no último trimestre de 2022.

“Como sempre fazemos, continuamos a avaliar os nossos negócios para garantir que estamos preparados para oferecer a melhor inovação, valor e serviço aos nossos clientes e parceiros”, justificou Clarke.

As medidas entretanto anunciada visam "antecipar os impactos da desaceleração", mas "já não são suficientes".

"Agora temos de tomar decisões adicionais para preparar o caminho a seguir"
, acrescentou o responsável.

A empresa refere ainda, na nota, que já passou "por crises económicas antes" e que, como sempre, vai dar a volta pelos "clientes, parceiros e uns pelos outros".

"Seremos mais competitivos, mais focados e encontraremos um novo patamar de desempenho operacional. Estaremos prontos quando o mercado recuperar. As oportunidades à nossa frente são imensas".

Mercado tecnológico a abrandar

Antes da Dell, que tem cerca de 133 mil trabalhadores, outras companhias do mesmo ramo fizeram reduções no seu pessoal, como a HP, que despediu 6.000 pessoas em novembro, ou a Cisco e a IBM, com cortes de 4.000 empregados cada.

A receita da Dell caiu 6 por cento no terceiro trimestre de 2022, de acordo com resultados divulgados no final de novembro. As vendas de produtos informáticos, que representam o grosso da atividade comercial do grupo, caíram 10 por cento.

Na altura, a empresa  justificou a queda na procura de computadores pessoais num contexto de inflação elevada e com o aumento dos juros nos Estados Unidos e a nível global.

De acordo com o site Layoffs, mais de 290 empresas de tecnologia anunciaram desde janeiro o despedimento de 88.000 funcionários por todo o mundo. Apesar das incertezas e das perspetivas cautelosas, os analistas acreditam que a procura por alguns produtos deste setor volte a aumentar.

“A empresa foi atingida pelos ventos cruzados desencadeados quando a era do dinheiro fácil chegou ao fim abruptamente e as vendas caíram após o aumento da pandemia”, explicou ao Guardian Susannah Streeter, analista de investimentos e mercados da Hargreaves Lansdown, uma plataforma de investimentos do Reino Unido.
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