Raporal diz que Venezuela deve 40 milhões de euros às fornecedoras portuguesas de pernil

por RTP
Venezuelanos em protesto por falta de determinados bens, como comida ou gás EPA

A empresa agroalimentar Raporal emitiu esta quinta-feira um comunicado em que garante que a Venezuela deve cerca de 40 milhões de euros às empresas portuguesas fornecedoras de pernil de porco àquele país, dos quais 6,9 milhões lhe são devidos.

Na quinta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou Portugal de sabotar a importação de pernil de porco, depois de Caracas ter feito um plano de importação. Uma acusação que o ministro português dos Negócios Estrangeiros refutou esta quinta-feira.

Hoje, a Raporal informou que a Agrovarius, do grupo Iguarivarius, vendeu, em 2016, ao Governo venezuelano 14 mil toneladas de carne pelo valor de 63,5 milhões de euros e que, para cumprir o negócio, "a Agrovarius contratualizou com várias empresas, entre elas a Raporal, esse fornecimento".

A Raporal indicou que, deste contrato que data do ano passado, "ainda permanece pendente de pagamento cerca de 40 milhões de euros, dos quais 6,9 milhões de euros dizem respeito ao cumprimento do pagamento à Raporal", que tem recebido "de forma parcelar" valores a abater na conta corrente referente a este contrato, tendo o último pagamento ocorrido em agosto deste ano.

A empresa agroalimentar, que não realizou qualquer fornecimento ao governo venezuelano em 2017, refere que "foi recebida esta manhã pelo Embaixador da Venezuela em Lisboa", que "se comprometeu, em nome da Venezuela, a realizar o pagamento integral em falta referente ao fornecimento de 2016, até março de 2018".

A Raporal sublinha que "é a Venezuela que não tem cumprido pontualmente as suas obrigações de pagamento dos fornecimentos realizados em 2016".
Investigação a negócios de exportação de carne
Os negócios das exportações de carne para a Venezuela já no ano passado chamaram a atenção das autoridades portuguesas.

A RTP revelou em dezembro de 2016 que a Direção-geral de Alimentação e Veterinária, a ASAE e o Ministério Público decidiram avaliar negócios do consórcio de empresas responsável pelas vendas de carne de porco congelada à Venezuela.


Protestos na Venezuela
Hoje, os venezuelanos voltaram a protestar contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro pelo incumprimento da promessa de distribuir pernil de porco na época do Natal, reclamando que também não terão aquele e outros produtos no fim de ano.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu às autoridades de segurança venezuelanas que apliquem "mão dura imediata" contra os cidadãos que pretendam "reeditar" os violentos protestos de 2017.

"Nunca mais uma ‘guarimba' (protesto em zonas residenciais com bloqueios de ruas). (…) não podemos baixar a guarda. Quem pretender reeditar a ‘guarimba' deve saber que está obrigado a defender, agora com maior legitimidade, o direito à paz e à convivência, à tranquilidade, à circulação e à vida do povo venezuelano", disse.

Nicolás Maduro falava durante o ato de saudação às Forças Armadas Bolivarianas, neste final de ano, que teve lugar no Ministério da Defesa, em Caracas.

"Planos preventivos. Para quem ouse convocar uma ‘guarimba', ação de justiça imediata, mão dura imediata", frisou.

Nicolás Maduro acrescentou ainda: "agora sim, vai ser bem aplicada a Lei Contra o Ódio" pelo procurador designado pela Assembleia Constituinte, Tarek William Saab, a quem o Presidente pediu para combater "os crimes do fascismo" que ocorreram em protestos opositores, em 2017, e durante os quais, segundo a imprensa local, pelo menos 120 pessoas foram assassinadas.

Nicolás Maduro felicitou os militares por terem "aguentado o acosso, a agressão e a infâmia" de um segmento da população e classificou os protestos como "quatro meses de acosso (abril a junho de 2017)”.

"(…) 2018 será o ano da maior vitória, o ano de provar se somos ou não somos (…) devemos preparar-nos para os maiores sacrifícios pela nossa pátria, porque dos grandes sacrifícios surgem grandes vitórias", frisou Nicolás Maduro.

c/Lusa
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