Reconstruir ilha cabo-verdiana de São Vicente após tempestade exigirá "muitos milhões"
O primeiro-ministro cabo-verdiano admitiu hoje que a reconstrução da ilha de São Vicente, afetada pela tempestade que provocou nove mortos, exigirá um montante elevado, maioritariamente em infraestruturas, garantindo que o Governo está a mobilizar recursos internos e externos.
"O grosso do investimento que terá de ser feito vai exigir muitos milhões", afirmou Ulisses Correia e Silva, que visita São Vicente pela segunda vez desde a tempestade de 11 de agosto, salientando que o Governo está a desenvolver um programa de "apoio às famílias, aos que perderam bens e à atividade económica -- desde pequenos comerciantes até grandes empresas --, incluindo subvenções para viaturas perdidas".
O chefe do Governo salientou que o grosso do investimento será feito a nível das infraestruturas e que o executivo está empenhado na mobilização de recursos internos e externos.
Ulisses Correia e Silva defendeu a necessidade de unir esforços, fazer pedagogia política e envolver o máximo possível da nação cabo-verdiana, no país e no estrangeiro, incluindo a diáspora, para dar as respostas necessárias à reconstrução da ilha.
Depois da calamidade, sublinhou, o momento "exige união, motivação e confiança, e não aproveitamento político".
"Não é hora de dividir as pessoas por interesses oportunistas, mas de transmitir mensagens positivas e somar energias. Todos os partidos devem contribuir", acrescentou.
O primeiro-ministro disse que o foco é apoiar as famílias na retoma da atividade económica e reforçar o sistema de drenagem da ilha.
Com o início do novo ano letivo previsto para 15 de setembro, a prioridade será recuperar as infraestruturas escolares afetadas pelas chuvas.
"Identificámos as necessidades para retomar as aulas. As instituições atingidas também estão a ser intervencionadas para recuperar a normalidade", disse.
Ulisses Correia e Silva chamou ainda a atenção para construções clandestinas, sobretudo em ribeiras e encostas, um problema presente em todo o país.
O primeiro-ministro realiza uma visita de três dias a São Vicente, com uma agenda que inclui encontros, visitas a infraestruturas, empresas e comunidades afetadas e contactos diretos com famílias e pequenos negócios.
O ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, viaja também para a ilha para reforçar a vigilância sanitária e prevenir possíveis surtos de doença.
A tempestade inundou bairros, destruiu estradas, pontes e estabelecimentos comerciais, afetou o abastecimento de energia e provocou nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas.
Na sequência, o Governo declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos concelhos de São Nicolau.
Foi aprovado um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e atividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificadas e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.