Recuperação económica de Macau deve arrastar-se para além do verão

por Lusa

O economista José Sales Marques disse hoje à agência Lusa que a recuperação económica do território e da atividade do jogo devido ao impacto do coronavírus Covid-19 deverá arrastar-se para além do verão.

"A recuperação deverá necessariamente levar algum tempo, muito provavelmente para além do verão", afirmou o docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM).

"Ainda vivemos uma situação de indefinição" e "a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) diz que é imprevisível" saber quando o surto poderá ser contido na China, assinalou.

Razão pela qual Sales Marques elogiou a gestão feita pelo Governo de Macau para reduzir tanto o risco de contágio do coronavírus Covid-19 no território, como as medidas de apoio social e económico para responder ao impacto do surto.

"Estamos expostos a grandes ameaças, do ponto de vista da facilidade com que esse vírus é propagado, e por isso justificam-se as medidas de contenção do número de visitantes, as medidas que estão a ser aplicadas no que diz respeito ao acesso dos chineses do continente a Macau", sustentou.

"E, também, obviamente, a medida que é quase inédita do encerramento dos casinos", adiantou, para concluir: entre as ações de prevenção por razões de saúde pública e de salvaguarda da economia "há um certo equilíbrio".

O Governo de Macau anunciou na segunda-feira que os todos os trabalhadores não residentes que estiveram na China continental nos últimos 14 dias vão ter de fazer uma quarentena na cidade vizinha de Zhuhai, antes de poderem entrar no território.

A medida entra em vigor a partir de quinta-feira.

A imposição de 14 dias de quarentena é tomada porque, apesar das várias medidas já impostas pelo Governo de Macau para reduzir o fluxo nas fronteiras, no domingo as fronteiras registaram mais de 46 mil entradas e saídas do território.

No caso dos residentes de Macau, as autoridades aconselham a que estes façam quarentena durante 14 dias em casa.

Cerca de 10 mil trabalhadores não residentes e 10 mil residentes cruzam todos os dias as fronteiras.

Já os turistas provenientes da China continental não estão sujeitos a quarentena, mas as autoridades frisaram que caso o surto do novo coronavírus se agudize esta medida pode ser revista.

De acordo com os dados estatísticos, 1.400 turistas da China continental chegaram a Macau, do domingo, número considerado muito reduzido pelas autoridades, comparando com os cerca de 20.000 residentes e trabalhadores não residentes que cruzam as fronteiras diariamente.

O Governo de Macau anunciou também que a partir de quinta-feira os casinos do território vão poder reabrir as portas, encerradas há cerca de 15 dias para evitar a propagação do surto do novo coronavírus na capital mundial do jogo.

O chefe do executivo de Macau determinou por despacho que "é levantada a medida excecional a partir das 00:00 de dia 20".

Os casinos têm a partir dessa data um período de 30 dias para reabrir as portas, fechadas desde 04 de fevereiro.

O Governo de Macau anunciou benefícios fiscais para empresas e população, uma linha de empréstimos bonificados para as PME e medidas de apoio social para reduzir o impacto económico devido ao coronavírus Covid-19.

Macau, que tem atualmente cinco casos de infeção pelo coronavírus, determinou ainda o encerramento de estabelecimentos de diversão noturna, espaços desportivos e culturais, enviou alunos e funcionários públicos para casa.

As medidas excecionais praticamente paralisaram a economia da capital mundial do jogo e cuja indústria turística é também muito dependente dos visitantes oriundos do território chinês.

O número de mortos devido ao novo coronavírus (Covid-19) na China continental subiu hoje para 1.868, ao mesmo tempo que foram registados 1.886 novos casos de infeção, num total de 72.436 infetados, foi anunciado.

Além das vítimas mortais no continente chinês, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

Embora cerca de 30 países tenham casos diagnosticados com Covid-19, a China regista perto de 99% do total de infetados.

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