REFER assume que futuro da Linha do Tua depende da barragem
Bragança, 25 Mar (Lusa) - A REFER assumiu pela primeira vez que o futuro da linha do Tua está dependente da barragem de Foz Tua, anunciando que a circulação continuará suspensa até uma decisão relativa à construção do empreendimento hidroeléctrico.
Num comunicado divulgado terça-feira, a empresa proprietária da linha refere que a circulação entre o Cachão e a Foz do Tua "será condicionada à decisão que vier a ser tomada relativamente à construção da Barragem de Foz do Tua".
A circulação está suspensa há mais de meio ano neste troço da linha, desde o último acidente a 22 de Agosto, que provocou uma vítima mortal.
Os inquéritos ao acidente detectaram "defeitos grosseiros na via" e a "desadequação das carruagens" do Metro de Mirandela que faz o transporte ao serviço da CP.
Desde Fevereiro de 2007, sucederam-se quatro acidentes nesta linha com mais de 120 anos, provocando outras tantas vítimas mortais.
Até agora, a REFER nunca se tinha pronunciado sobre as implicações da barragem, apesar de todos os estudos apontarem para a submersão de parte da linha, independentemente da cota da albufeira.
O início da construção da barragem de Foz Tua aguarda pela Declaração de Impacte Ambiental que, caso seja favorável, implicará a desactivação imediata dos últimos quatro quilómetros da linha.
A EDP necessita deste troço para os trabalhos de prospecção da barragem que depois deverá inundar mais alguns quilómetros da ferrovia com o enchimento da albufeira, cortando a ligação à linha do Douro e ao Litoral.
Com a barragem desaparecerá também a paisagem que é considerada o principal atractivo para os passageiros desta linha, considerada das vias estreitas mais belas do mundo.
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, disse anteriormente que teria de ser apresentada uma alternativa ferroviária para o troço que ficará submerso com a barragem.
No entanto, o presidente da EDP, António Mexia, questionou recentemente o interesse de uma alternativa ferroviária à linha do Tua por entender que, com a construção da barragem, a ferrovia perde o seu principal atractivo que é a paisagem.
O presidente da Câmara e do Metro de Mirandela, José Silvano (PSD), disse hoje que só se iria pronunciar sobre a polémica depois de conhecer a posição oficial do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
HFI.