Reino Unido entra em recessão, com PIB a cair 20,4% no segundo trimestre

por RTP
Toby Melville, Reuters

O Reino Unido entrou oficialmente em recessão, pela primeira vez em 11 anos, depois de o Produto Interno Bruto (PIB) ter caído 20,4 por cento entre abril e junho, comparando com o trimestre anterior. É já o segundo trimestre consecutivo de contração.

O National Statistics Office (ONS) indicou que todos os sectores da economia do Reino Unido sofreram uma queda devido ao impacto das medidas de confinamento impostas para conter a propagação da Covid-19.

De acordo com as estatísticas, a contração no segundo trimestre é a maior alguma vez registada no Reino Unido. Os dois trimestres em declínio determinam o registo oficial de recessão técnica.

A contração naquela que é a sexta maior economia do mundo (20,4 por cento) ultrapassa a queda de 12,1 por cento na Zona Euro e de 9,5 nos Estados Unidos no segundo trimestre. É a maior quebra nas economias ditas avançadas.

A recuperação começou timidamente em maio, e atingiu um valor mais expressivo de crescimento de 8,7% em junho, na altura em que as restrições começaram a ser levantadas. Ainda assim, o valor de junho do Produto Interno Bruto está seis vezes abaixo do que tinha sido registado em fevereiro, antes do impacto do coronavírus.

Jonathan Athow, do Instituto Nacional de Estatísticas britânico, afirma que "a economia começou a recuperar em junho. Mas, ainda assim, o PIB em junho ficou um sexto abaixo do nível de fevereiro, antes de o vírus atacar".

O setor dos serviços, que alimenta quatro quintos da economia, sofreu a maior queda trimestral de que há registo. Foi a altura em que a produção de carros foi a mais baixa desde 1954, devido ao encerramento de fábricas.

O consumo privado foi responsável por mais de 70 por cento da contração, com uma quebra de 23,1 por cento.

O declínio económico concentrou-se em abril, no auge do confinamento.

As estatísticas mostram que 220 mil pessoas ficaram sem emprego entre abril e junho. Números que podem aumentar nos próximos meses, caso as empresas não resistam. A quebra no emprego é a maior desde o trimestre de maio a julho de 2009, quando se vivia a crise financeira.

Apesar da recuperação parecer estar a ganhar tração, o Banco de Inglaterra não espera que a economia retorne a uma dimensão pré-epidemia antes do fim do próximo ano. O Office for Budget Responsibility, o organismo do governo responsável pelas previsões económicas do executivo, espera que a recuperação demore ainda mais tempo.

A “ressaca” ameaça ser longa, entre pedidos para que o Governo implemente mais medidas para relançar a economia. Economistas da Confederação da Indústria Britânica ou do Instituto de Diretores colocam a tónica na falta de tesouraria. Tej Parikh, economist principal do Instituto, refere à BBC que o valor crescente de dívidas vai ser sinónimo de uma ressaca prolongada, que afunda os empresários.

Instam por isso o Governo a cortar as contribuições obrigatórias para o Estado, sobretudo o fim de contribuições que facilitem a contratação de pessoas. 
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